sábado, 17 de maio de 2014


17 de maio de 2014 | N° 17799
COPA OBRAS ATRASADAS

AEROPORTOS NA MARCA DO PÊNALTI

ÀS VÉSPERAS DA chegada de delegações e torcedores, nenhum terminal nas cidades-sede ficou pronto como prometido, mas órgãos do governo garantem que há condições de atender ao movimento durante o Mundial
A menos um mês da Copa, nenhum aeroporto das 12 cidades-sede está totalmente pronto de acordo com o prometido há quatro anos, quando foram assinadas as responsabilidades para o Mundial. Agora, consórcios privados e Infraero correm contra o relógio para entregar reformas ou então podem até abandonar as melhorias previstas. Mesmo os que dizem ter concluído reformas fazem os passageiros sofrer com serviços básicos inacabados.

No ranking dos maiores atrasos, Porto Alegre figura ao lado de Curitiba e Fortaleza como uma das fontes de dor de cabeça. Na capital cearense, a Infraero iniciou processo para romper com a empreiteira que faz as obras devido à lentidão dos trabalhos.

No Salgado Filho, o caminho pode ser o mesmo. Em razão da morosidade da ampliação do terminal 1 de passageiros, a Infraero admite a rescisão com a empresa Espaço Aberto. Com custo de R$ 181 milhões, as obras andam a passos de tartaruga por dificuldades financeiras da empreiteira catarinense. Nos últimos 30 dias, duas greves interromperam o trabalho.

Agora, parece que a paciência da Infraero acabou. Por causa dos atrasos, a Espaço Aberto foi multada em R$ 161,7 mil. Em nota, a estatal admite que “avalia a hipótese de instaurar processo administrativo para rescindir o contrato, uma vez que – além da questão trabalhista – a execução da obra está em atraso”. A primeira fase da ampliação, antes prometida para este mês, não será entregue a tempo da Copa.

– A Infraero tem liberdade para isso. Por enquanto, não temos nenhuma informação sobre esse assunto (cancelar o contrato) – diz o engenheiro José Bonatto, responsável pela obra, da Espaço Aberto.

MULTA APLICADA AGORA É INÓCUA

Infraero e Secretaria da Aviação Civil insistem que não há risco de caos e os aeroportos conseguirão suportar o movimento na Copa. Em Porto Alegre, a estatal sustenta que o Salgado Filho tem capacidade para 13,1 milhões de passageiros por ano, enquanto são esperados 10,7 milhões de embarques e desembarques. Entendidos no tema, entretanto, temem transtornos durante a competição.

– Desconfio porque a intenção dessas ampliações era justamente para receber o público da Copa – observa o especialista em transporte aéreo Respicio Espirito Santo Junior, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A lentidão leva a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a estudar a possibilidade de também multar a Infraero. Para o professor de ambiente de negócios da aviação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Richard Lucht, também diretor-geral da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul) na Capital, ameaçar com multa agora é inócuo:

– É mais uma tentativa de dar uma satisfação para a opinião pública do que uma medida efetiva.


caio.cigana@zerohora.com.br

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