Cada mãe a seu modo
Costumam citar a nós, mães, como
se fizéssemos parte de uma confraria homogênea, todas pensando e sentindo da
mesma forma e com as mesmas necessidades.
O que temos em comum são
justamente histórias distintas umas das outras. Que a gente viva uma realidade
parecida com a de nossas amigas, é explicável, já que originadas do mesmo meio,
mas e as outras tribos de mulheres? As indígenas, as faveladas, as evangélicas,
as socialites, as presidiárias, as analfabetas, as PhD, as atletas, as
aposentadas? Terão todas as mesmas necessidades, serão todas iguais?
Existe mulher de todo tipo.
Nossas semelhanças? Somos ao mesmo tempo frágeis e fortes. Leoas, às vezes; em
outras, gatas – conforme a exigência do momento. Todas vaidosas, umas mais e
outras menos. Todas com a cabeça funcionando em carga máxima – mulher pensa
demais, muito, exageradamente, o que não significa que esteja pensando certo.
Falantes? A maioria. Doces? É parte da lenda.
Fora isso, uma é diferente da
outra. Tem a que humilha a atendente da loja e tem a atendente de loja que
aguenta calada porque não pode perder o emprego. Tem a que nunca trabalhou
porque não precisa, e a que nunca trabalhou porque até agora não lhe deram uma
chance. Tem a que é professora de dia e aluna à noite – segue tentando se
qualificar para ver se melhora o salário.
Tem a que ganha a vida fazendo
sexo, a que aguarda um primeiro amor, a que aguarda um novo amor e a que deseja
que seu marido desapareça e que a libere para si mesma. Tem a que apanha do seu
homem e tem a que bate nos filhos, tem as honestas e as nem tanto.
Tem mulher que não sabe se
defender e tem mulher que sabe atacar, tem as muito bacanas e as muito chatas,
tem as feias, as belas e a maioria.
Tem mulher que é magra de ruim,
tem a gorda sem culpa e tem a que não se pesa. Tem as que gostam de homens, as
que gostam de mulher e as que gostam de ambos.
Tem a maluca. A turma das malucas
forma um contingente considerável, vale ressaltar. E tem as certinhas, as que
jamais erram, o que não deixa de ser uma maluquice também. Tem a que se
arrepende secretamente de ter tido filhos e a que teve e nunca imaginou que
seria uma experiência tão espetacular e intensa, e tem as que não tiveram, mas
que são mães das árvores, mães dos bichos, mães do planeta. E todas, sem
exceção, são filhas de uma mulher com suas próprias necessidades secretas.
Mãe é mãe, só muda de endereço.
Essa frase virou um clássico. Reforça a ideia de que em cada endereço há uma
mulher idêntica a todas as outras, com o mesmo padrão de comportamento, fazendo
e sentindo tudo igual. Reproduzidas em série.
O que pouco se diz é que em cada
endereço há uma mulher parindo a si mesma – diariamente.
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