sexta-feira, 9 de maio de 2014



O novo romance histórico de Max Mallmann

As mil mortes de César é o novo romance histórico do gaúcho Max Mallmann, escritor e roteirista da Rede Globo, onde já atuou em Malhação, Coração de Estudante e escreveu episódios de Carga pesada. A partir de 2005, integrou a equipe de redatores de A grande família. Aos 20 anos, o autor publicou, em 1989, pelo Instituto Estadual do Livro, o romance Confissões de Minotauro.

Depois, vieram os romances Mundo Bizarro (Mercado Aberto, 1996); Síndrome de Quimera (2000); Zigurate (2003) e O centésimo em Roma, publicados pela Editora Rocco. Mallmann dedica-se à assim chamada literatura de gênero: realismo fantástico, ficção científica e romance histórico.

O centésimo em Roma e As mil mortes de César são os dois primeiros volumes da saga de Publius Desiderius Dolens, um romano que sabe preencher formulários, mentir educadamente e lutar com armas brancas, tudo bem parecido com o que o próprio Max fazia numa repartição pública em Porto Alegre, nos anos 1980 e 1990. Pois é, ao chegar clandestinamente à cidade portuária de Óstia, Publius Desiderius Dolens, o já conhecido anti-herói irascível do romance O centésimo de Roma, está imundo, com andrajos, e seus olhos cor de lodo são um misto de ódio, medo e loucura.

Os únicos bens que lhe restam são alguns cobres, um punhal e o pequeno abutre de bronze que um dia ganhou de sua mãe. Derrotado na guerra civil que arrebatou Roma das mãos de Salvius Otho e entregou a Aulus Vitellius, Dolens não é mais legionário, centurião e tampouco tribuno, mas sim um desertor jurado de morte pelo novo imperador. Publius já não é mais o plebeu que conseguiu, aos trancos e barrancos, mudar de classe social e tornar-se tribuno durante a derrocada de Nero.

Ele agora precisa passar incógnito, vivendo em discreta miséria como guarda-costas da deusa Cibele. Lá tenta fazer o básico: afugentar os fanáticos cristãos, empurrar escada acima touros para cerimônias sacrificiais e empunhar, resignadamente, um esfregão enquanto limpa o sangue derramado sobre o piso durante os ritos. Todavia, a sorte e o destino parecem favorecer Publius. Titus Flavius Vespasianus, governador da Judeia, pouco a pouco alimenta o sonho de tornar-se César e consegue apoio de tropas do Oriente. 


Sem mais nada a perder, Publius se junta aos insurgentes. Romanos históricos e imaginados, bizarras cenas de ação e referências da época estão na prosa erudita, elegante e requintada de Max, tipo assim Umberto Eco. Editora Rocco,336 páginas, www.rocco.com.br.

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