16
de maio de 2014 | N° 17798
EDITORIAL
ZH
O BARULHODAS MINORIAS
Muitos
protestos são justos e merecedores de atenção. Outros, porém, evidenciam claro
ranço ideológico e até mesmo viés político
O país
viveu ontem um dia de agitações localizadas, caracterizado por manifestações e
protestos de servidores em greve, movimentos anti-Copa e categorias
profissionais diversas, que interromperam o trânsito em dezenas de cidades e
causaram transtornos à população. O dia de lutas, assim chamado pelas lideranças
sindicais e de movimentos populares, oscilou entre a violência e os saques da
região metropolitana de Recife e passeatas estudantis em outras capitais. Porém,
ao contrário das grandes manifestações de junho do ano passado, que contaram
com a adesão da população, os protestos de ontem expressaram apenas causas
específicas de minorias bem identificadas.
Muitas
delas são justas, ordeiras e merecedoras da atenção das autoridades. Outras,
porém, evidenciam claro ranço ideológico e até mesmo viés político, caso dos
grupos que continuam se opondo à Copa do Mundo quando já não há a mínima
possibilidade de suspensão do evento. Mesmo esses, porém, têm todo o direito de
se expressar, como asseguram a Constituição e o momento de plenas liberdades
democráticas que vive o país. O que não se pode aceitar é o desrespeito às leis
e aos direitos dos demais cidadãos – o bloqueio de ruas, as depredações, o
constrangimento a quem deseja trabalhar e, principalmente, os saques.
Pernambuco
vem registrando o pior cenário dos movimentos desta semana. Naquele Estado, a
greve de policiais militares e bombeiros gerou uma onda de saques e até de
homicídios nas cidades da Grande Recife, levando o governador Lyra Neto a
solicitar tropas federais da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar
no policiamento. Resta esperar que a situação volte a ficar sob controle e que
o mau exemplo de Pernambuco não seja seguido em outros Estados.
Talvez
a pior consequência desses movimentos minoritários seja a sensação de falta de
autoridade. No momento em que se sente refém do grevismo e de causas setoriais,
a população passa a exigir intervenção policial e providências por parte dos
governantes. Este talvez seja o grande teste de maturidade democrática para o
país: encontrar um caminho da convivência entre o direito legítimo de
reivindicação e todas as outras prerrogativas garantidas pela Constituição aos
demais cidadãos.
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