segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


16 de dezembro de 2013 | N° 17646
PAULO SANT’ANA

A reencarnação

Será correta a ideia de inferno que nos transmitiram?

Segundo ela, o inferno é o lugar de danação eterna para onde iremos depois de sermos julgados por um ser superior, que se supõe (ou se acredita) seja Deus.

A primeira incoerência que noto é que Deus, segundo também nos foi ensinado, é clemente e misericordioso. E como é que Deus concordou então em instituir um lugar para onde serão levados os maus e pecadores e lá permanecerão eternamente sob castigos supliciantes?

Com castigo eu concordo, não concordo que seja castigo eterno. Porque isso se choca com a ideia de que Deus não é rancoroso e trata todos os homens com clemência.

A ideia de céu me parece mais sensata que a de inferno. Pelo céu, os homens serão recompensados com o gozo infinito, nada tenho contra a ideia de Deus, em sua infinita sabedoria, de premiar os justos com a bem-aventurança eterna.

O que não entra no meu controle neuronial e na minha inteligência é que Deus tenha reservado para os ímpios, para os pecadores recalcitrantes e para os maus um sítio em que eles sofrerão terríveis castigos para além do fim dos tempos.

Parece-me irracional.

Tenho tendência para acreditar mais na ideia de reencarnação que os espíritas defendem, mediante a qual a pessoa humana morre e reencarna noutra esfera, repetindo-se isso quantas vezes se tornem necessárias, aperfeiçoando-se nas diversas existências.

Ou seja, acopla-se a essa ideia uma outra: o homem pode ser castigado aqui na Terra por males que cometeu no passado. No entanto, lhe serão concedidas outras vidas reencarnadas até que ele se aperfeiçoe e assim, sim, ingresse no céu.

Por outra parte, me seduz muito também a ideia de circulação popular de que o inferno é aqui na Terra mesmo.

Barrabás, por exemplo, antes de ser cotejado com Cristo para um dos dois ser escolhido para a crucificação, passou 40 anos sob a terra, em subterrâneo carcerário.

Existe maior sofrimento do que o de Barrabás? E não foi no inferno que ele sofreu aquilo. Foi aqui na Terra mesmo. Assim como têm sofrimentos indizíveis milhões de bilhões de seres humanos através dos tempos.

Porque não sou idiota, sei que muitos homens sofrem barbaramente. O que não concordo é com a ideia de inferno que nos transmitiram, pela qual os condenados a ele sofrerão punição eterna e constante. Exatamente porque Deus é bom, é justo, e, sendo justo Deus, Deus não havia de inventar um sofrimento eterno no fogo do inferno.

Santo Agostinho, por exemplo, quando lhe foi exigida pela sua religião e hierarquia eclesiástica que renunciasse para sempre ao gozo sexual, apelou a Deus: “Concordo com essa renúncia, mas que não seja ainda por enquanto”.

Ou seja, um dos maiores santos da Igreja suplicou a Deus para não se afastar do prazer sexual enquanto houvesse juventude em seu corpo e virilidade consequente.

Essa de Santo Agostinho pedir prazo para Deus para vir a abster-se sexualmente é de cabo de esquadra.


E comprova definitivamente de que sexo não é pecado.

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