13
de dezembro de 2013 | N° 17643
PAULO
SANT’ANA
As mutucas
Conta
a lenda que certa vez, em Farroupilha, na serra gaúcha, um prefeito baixou um
decreto excêntrico, levando em conta a acirrada rivalidade existente no município
entre os torcedores colorados e gremistas.
Então,
o prefeito, que era fanático gremista, baixou o decreto de que todo torcedor
colorado que morresse na cidade seria enterrado no cemitério local a 10 metros
de profundidade.
Justificativa
escrita do decreto: no fundo, no fundo, os colorados são boa gente, afirmava o
prefeito.
Gargalo,
como se sabe, é o colo da garrafa. O dicionário registra a palavra gargalo como
garganta, obstáculo, empecilho.
Uma
vez, vi uma mulher que era dada a muitas conquistas amorosas dizer o seguinte: “Vou
passar a maioria dos meus namorados no gargalo, vou me dedicar doravante
somente aos que ultrapassarem esse obstáculo”.
Como
se nota, gargalo também quer dizer peneira.
Gozado
é que o prefixo gar, a julgar pelo que estou expondo, é quase sempre ligado a
garganta: é o caso de gargarejo e até de certa forma do verbo garrular, que
quer dizer tagarelar, parolar, e também o indivíduo, quando é muito gabola e
falador, é classificado de garganta.
Concluo
me recordando de que as palavras gargalhar e garrafa derivam dessa mesma origem.
Uma
vez, escrevi que a palavra sonoramente mais bela do idioma português é pirilampo.
Fui investigar a fundo a origem dessa palavra e vi que piri é uma espécie de
junco e que se fundiu com lampo, que quer dizer relâmpago.
Ou
seja, cheguei à conclusão de que pirilampo teve origem em relâmpago quando bate
no junco.
O
pirilampo, portanto, é o mesmo que vagalume, mas aí já pode sobrevir outra história,
afinal lume é mesmo o quê?
Ia
me esquecendo de dizer que tenho horror a cobras. Não sei de onde veio a
expressão cobras e lagartos: porque não tenho medo de lagartos, só de cobras. E
é claro que só tenho medo de cobras porque muitas delas são venenosas.
Não
sei distinguir as cobras venenosas das não venenosas. Para mim, são todas
iguais: as jararacas, as corais, as cascavéis, as jiboias, todas. Por sinal,
tem um ditado que acho muito interessante: “Depois que mataram a jiboia,
jararaca deita e rola”. É uma festa na selva.
Eu
tenho medo da cobra porque tenho medo da picada dela. A picada consiste na injeção
do seu veneno.
Engraçado,
há alguns animais que são venenosos mortalmente. E há animais que são venenosos
mas não matam, vejam por exemplo as mutucas, insetos que quando picam a gente
produzem uma dor danada, que dura uns dois minutos, mas não matam.
Mas,
falando em cobras venenosas, há uma de nome exótico: a áspide.
Mas
a serpente mais famosa de todas continua a ser a naja, por sinal a cobra que
foi retirada de um pote por Cleópatra para suicidar-se com sua picada, depois
que ela e Marco Antônio, unidos contra Roma, foram derrotados por Otaviano numa
batalha final retumbantemente histórica.
Otaviano
queria expor Cleópatra pelas ruas de Roma, mas a rainha egípcia optou pelo suicídio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário