16
de dezembro de 2013 | N° 17646
L.F.
VERISSIMO
Embrutecimento
Sabe
qual foi a primeira coisa que eu pensei vendo aqueles animais trocando socos e
pontapés no estádio, chutando a cabeça de “inimigos” caídos e só não se matando
por falta de armas, salvo pedaços de pau? As lutas de “ultimate fighting” na TV.
Nada a ver, eu sei.
Uma
coisa é um espasmo coletivo de irracionalidade, a outra o enfrentamento de dois
lutadores preparados, com força equivalente e regras estabelecidas. O que
aproxima as duas coisas é a estupidez.
A
mesma estupidez que parece dominar essa assustadora arena de insultos e ameaças
que é a internet e que, cada vez mais, no Brasil, também domina o debate político
e jornalístico, em que termos como “idiota” são muitas vezes os mais suaves que
se ouve ou que se lê. O clima é de embrutecimento generalizado. Chutes na cabeça,
reais ou figurados, são legitimados pelo clima.
Falemos,
pois, das amenidades restantes. Da Fernanda Lima no sorteio das chaves para a
Copa, por exemplo. Da sua simpatia, da sua competência, do seu inglês perfeito,
do seu decote.
Não
sei se já nasceu o movimento “Fernanda Lima 2014”, com vistas à próxima eleição
presidencial, mas me parece uma iniciativa natural. Já elegemos uma mulher para
a presidência da República, o próximo passo lógico seria eleger um mulherão. Onde
é que eu assino?
Formidável,
também, foi o cara que se apresentou para interpretar para surdos os discursos
em homenagem ao Mandela e, literalmente, não sabia o que estava dizendo. Inventou
uma linguagem de sinais própria, uma espécie de paródia da linguagem verdadeira,
e teve seus minutos de glória internacional ao lado dos oradores.
Dizem
que ele só foi descoberto porque alguns surdos protestaram, não tinham
entendido nada dos discursos. Um chegou a dizer que não podia afirmar com
certeza, mas achava que o falso intérprete tinha, sem querer, insultado a sua mãe.
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