sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Jaime Cimenti

Crônica natalina

O que escrever em uma crônica natalina? Que algumas pessoas vestidas de Papai Noel trocaram socos e pontapés em Nova Iorque? Que as pessoas andam apressadas, ensimesmadas, egoístas, tensas, estressadas, engarrafadas, por vezes até pedindo para não receber e dar presentes? Que as pessoas vão comprar presentes baratos na última hora?

Que as cartas de Natal e os cartões impressos estão sendo trocados por mensagens eletrônicas e telefônicas? Que está todo mundo ou quase todo mundo louco para que passe logo o Natal de olho na festa de virada de ano, mais divertida e alto-astral? Bom, aí seria uma crônica exagerada, parcial, amarga, amargurada, e Jesus Cristo, onde estiver, não ia gostar, ele que se esforçou tanto para plantar amor nos corações das pessoas e nesse planeta.

Acho que os amigos leitores também iriam parar de ler na metade. E com toda razão. Pois é. É aniversário de Jesus, vamos pegar leve. Melhor andar pelas ruas, pelas casas, praças, bares, restaurantes, templos e capturar e proporcionar cenas de afeto e solidariedade, beijos e abraços, palavras cálidas, silêncios delicados e olhares doces.

Melhor não pensar demais nos queridos que se foram, em mágoas, ossos, pessoas malvadas e ressentimentos antigos, nos saudosos white christmas de antigamente, com neve falsa de algodão branco, nozes, castanhas, canções e muita coisa vinda do estrangeiro, pinheiros de verdade, presépio vivo ou de gesso mesmo, canções natalinas nas Lojas Americanas e Simone cantando músicas de Natal.

Melhor curtir os sorrisos soltos, os brilhos dos olhos e as criancices das crianças que ainda são crianças, ao menos por um tempo. Melhor nessa época não se contaminar pelo excesso de lembranças e pela overdose de sensações.

Melhor curtir o agora e a vida que pulsa por aí. Bom pensar que no fim do ano e no fim dos tempos, se houver fim dos tempos, o amor será o campeão. Bom pensar que Jesus, São Francisco, Gandhi, Betinho, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Mandela e tantos outros existiram.  Eles colocaram na mesa da humanidade as melhores contribuições, deram os melhores exemplos.

O espírito de Natal vai, volta, muda e permanece, como o vento, o sol, a lua, as estrelas, as águas e o tempo. Passamos rápido por aqui. Durante a curta passagem e depois, melhor tentar, ao menos, deixar nosso melhor para os que permaneceram e para os muitos outros que nascerão, formando a corrente da vida.


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