17
de dezembro de 2013 | N° 17647
PAULO
SANT’ANA
Somos diferentes
E lá
vou eu. Mas para onde, afinal, eu sigo?
Vou
em frente mas ainda não tenho rumo. Será que vale a pena viver? Só se me
esperam ainda ali adiante grandes atrações.
Fazer
o quê? Viver, ir levando. Chega-se a um ponto em que só sobreviver já é um
grande negócio.
O
que me consola nestes dias em que mergulho em profundas meditações sobre a
minha sorte é que muita gente como eu se debate diante da vida sem sentido.
Gente
que procura uma justificativa para a vida. E o pior é o caso dos que não
moveram uma palha para serem assim tão infelizes: caíram na vertigem depreciatória
independentemente de sua vontade.
E lá
vamos nós, legiões e legiões de vidas despencadas. Acontece, no entanto, que
com certeza muita gente é feliz ao nosso redor, pois que façam proveito, nós os
invejamos com uma inveja boa.
Agora,
só agora, vejo que o Grêmio me servia de bengala para esses dias de angústia: pensava
no Grêmio e recobrava as forças.
Mas
e agora que no Grêmio se convenceram de que têm de conter despesas e com isso
renunciar a toda e qualquer conquista?
Depois
que mataram a jiboia, jararaca deita e rola.
E
trago, igualzinho ao velho amigo Jamelão, enrolados nos pulsos, muitos atilhos,
essas borrachinhas que amarram as cédulas de dinheiro.
Ao
olhar para os atilhos, tenho a esperança de que eles a qualquer momento se
encham de cédulas de dinheiro.
Mas
para que, afinal, o dinheiro com que sonhamos?
Olhem,
eu penso que dinheiro não faz a felicidade de ninguém, mas ao mesmo tempo a ausência
de dinheiro faz a desgraça dos pelados.
Eu,
por exemplo, penso que a Mega Sena e todos esses concursos que a Caixa Econômica
patrocina são feitos, por um lado, para manter a esperança do povo em um dia
ficar rico. E, por outro lado, ao gastar nesses sorteios, ficamos exatamente
cada vez mais pobres.
Mas
vale pelo sonho que a gente acalenta de um dia ganhar na sorte grande e comprar
um sítio, um barco, uma casa com 20 televisores, dois ou três carrões na
garagem...Será que é bom ser rico? Eu olho para muitos ricos e não enxergo onde
está a felicidade deles. Eles me parecem cheios de aflições.
Mas
e como olharão para nós, pobres, os ricos? Com compaixão? Com indiferença?
Por
que será que o sistema dos homens divide-nos entre ricos e pobres?
Mas,
afinal, somos gordos ou somos magros, somos brancos ou somos negros, somos altos
ou somos baixos, somos burros ou somos inteligentes, mulheres ou homens.
E,
se sempre somos diferenciados, como haveríamos de não ser ricos ou pobres?
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