quinta-feira, 26 de dezembro de 2013


26 de dezembro de 2013 | N° 17655
PAULO SANT’ANA

Mordidas de Ano-Novo

Está chegando o Ano-Novo e no dia 31 de dezembro vai correr a extração da Mega Sena da Virada, que pagará o prêmio de R$ 200 milhões para o acertador.

Sinceramente, acho esse prêmio pequeno para tudo o que eu teria de fazer: em primeiro lugar, dividiria parte desse prêmio com todos os meus amigos.

Como são inúmeros os amigos que tenho e, quando todos souberem que fui eu quem ganhou a Mega, o número de meus amigos se multiplicará por mil, na verdade não vai sobrar nada para mim.

Já pensaram no que vão me morder?

E, desse dinheiro que vou ganhar na Mega Sena, eu ainda teria de comprar um goleiro e um centroavante para o Grêmio.

É, vai sobrar muito pouco para mim. Em cinco dias apenas, estarei duro e pelado como era antes.

Na fase que atingi agora na minha vida, em que cerca de 12 doenças estão atacando meu corpo, capitaneadas por uma tontura exasperante, que me arrancou a alegria de viver, se eu ganhar esses R$ 200 milhões na Mega Sena da Virada, terei de comprar a Drogaria Panvel inteira para mim, adquirindo ainda de lambujem a Dimed, a distribuidora de medicamentos. Só assim ficarei seguro de que nenhuma moléstia vencerá o arsenal de remédios de que então disporei.

Tem muita coisa pra fazer com esse prêmio gigantesco que ganharei.

Só o que faltava era eu deixar de escrever esta coluna e o meu blog para sempre. Nada disso, incrementarei ainda mais esta coluna, narrando, tim-tim por tim-tim, as mordidas e tentativas de mordidas que sofrerei por todos os lados.

Na verdade, se eu tivesse plena potência sexual, teria de fazer outra coisa: distribuir toda essa fortuna ganha na loteria entre as 15 mulheres mais belas que conheço. Como diz o samba: “Mil cruzeiros pra Lili/ e dois mil pra Isabel/ sempre fui um mão aberta/ nasci pra ser coronel/ pra você, Maria Helena,/ dou-lhe dois apartamentos/ pra você, linda Dolores, mil pelegas de quinhentos”.

E por aí eu iria enriquecendo as mulheres à minha volta: evidentemente que todas seriam apaixonadas por mim, dariam a vida por mim, até evidentemente quando eu gastasse todo o meu dinheiro, quando num passe de mágica me odiariam e, se passassem por mim na rua, me desconheceriam.

Mas sabem como é que termina o samba que ainda agora transcrevi? Pois termina assim: “Tudo isso é conversa/ a mamata se acabou/ o papai abriu falência/ mulheres eu já meu vou”.


Pois, assim como no samba, tudo foi um sonho e eu mais uma vez não vou ganhar um tostão na Mega Sena.

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