sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


13 de dezembro de 2013 | N° 17643
NELSON MANDELA

Nelson Mandela E o Oscar de cara de pau vai para...

Denunciado por conhecedores de linguagem de sinais, falso intérprete que atuou em estádio admite falha na tradução, mas culpa suposta esquizofrenia

Há quem diga que, para aprender uma nova língua, basta sair falando. A máxima pode até ser verdadeira, mas não se aplica no caso de Thamsanqa Jantije, que enganou dezenas de milhares de pessoas com um arremedo de linguagem de sinais na cerimônia em homenagem a Nelson Mandela, na terça-feira.

Ogoverno da África do Sul afirmou ontem que cometeu um erro ao selecionar o intérprete da linguagem de sinais.

Segundo a vice-ministra das Mulheres, Crianças e Deficientes, Hendrietta Bogopane-Zulu, o governo investiga por que o tradutor foi credenciado pelos organizadores e afirmou que os representantes da empresa que forneceu o serviço desapareceram após a cerimônia:

– Nós tentamos entrar em contato com eles para conseguir alguma resposta, mas eles sumiram no ar. Eles forneceram esse serviço por muitos anos, mas começaram a nos enganar.

Em entrevista coletiva, Hendrietta defendeu o tradutor e afirmou que a dificuldade dele pode ter ocorrido em razão da variedade de dialetos usados pelos sul-africanos. O país não possui uma linguagem de sinais padrão. O intérprete falava o dialeto xhosa, o mesmo de Mandela, apesar de ser fluente em inglês.

A representante do governo também confirmou que ele frequentou uma escola para aprender a linguagem de sinais, embora não seja um tradutor profissional.

– Perdeu a concentração. O inglês foi demais para ele – afirmou a ministra – Se sentiu aflito. Cometeu um erro? Sim.

Intérprete alega ter ouvido vozes durante a cerimônia

A ministra nega que tenha colocado as autoridades em risco ao ter selecionado o tradutor e que o governo vai investigar por que foi concedida a autorização. Ela pediu desculpas aos deficientes auditivos, mas afirma que não há razão para o país se sentir envergonhado.

Em entrevista ao jornal sul-africano The Star, o “intérprete” Thamsanqa Jantjie disse que sofre de esquizofrenia e que ouviu alucinações durante a o memorial:

– Eu estava sozinho numa situação muito perigosa. Tentei me controlar e não revelar ao mundo a situação pela qual eu passava. Sinto muito, foi a situação em que me encontrei.

O Instituto de Tradutores da África do Sul afirma que não é a primeira vez que há reclamações sobre o trabalho de Jantjie. Diversos deficientes auditivos tiveram dificuldades de compreender a interpretação dos discursos feita durante a conferência do Congresso Nacional Africano, no ano passado.


FERNANDA GRABAUSKA

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