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sábado, 7 de abril de 2012
07 de abril de 2012 | N° 17032
NILSON SOUZA
Dia de São Tomé
Decidi ser jornalista na adolescência, no dia em que um professor do curso secundário, conhecendo a minha timidez, duvidou que eu pudesse abraçar um ofício que exige uma certa exposição pública. Meu propósito não era exatamente desafiá-lo, mas, sim, provar a mim mesmo que podia superar aquilo que ele considerava um obstáculo, o medo de falar diante de uma plateia.
Nunca fui de levantar o dedo para responder a perguntas que não eram endereçadas diretamente para mim. Jamais me escalava para ser orador ou relator de qualquer trabalho coletivo. Em compensação, tinha facilidade para redigir falas alheias. Já escrevi discurso de orador, de paraninfo, de palestrante e até lembrancinha de um ano, como se fosse eu próprio o aniversariante. Creio que estava me encaminhando para ser ficcionista quando tropecei no Jornalismo. E me apaixonei.
O que poderia ser mais atraente para um jovem do que a oportunidade de fazer descobertas, de investigar e contar histórias, de viajar pelo cotidiano e pelo mundo em busca da verdade das coisas? Claro que nem tudo na profissão era como eu imaginava, mas agora, quatro décadas depois, posso afirmar sem qualquer arrogância que encontrei mais alegrias do que frustrações neste ofício de incrédulos que hoje celebra mais um aniversário.
O 7 de abril é reconhecido pela Associação Brasileira de Imprensa como Dia do Jornalismo, homenagem ao médico e jornalista Líbero Badaró, assassinado por inimigos políticos. A revolta popular gerada pela sua morte provocou a abdicação de dom Pedro I em 7 de abril de 1831.
Mas seríamos engenheiros, e não jornalistas, se a celebração do nosso ofício se resumisse a uma única data.
Temos várias e quase não nos entendemos sobre elas: 3 de maio também é chamado de Dia do Jornalista por ser a data da Liberdade de Imprensa, decretada pela ONU em 1993; 1º de junho é o Dia da Imprensa no Brasil, por ser a data em que começou a circular o Correio Braziliense, nosso primeiro jornal (já foi 10 de setembro, até nos darmos conta de que a Gazeta do Rio de Janeiro era um diário oficialista);
16 de fevereiro é Dia do Repórter, nem sei por quê; 29 de janeiro também é dia de jornalismo por homenagear o jornalista abolicionista José do Patrocínio, falecido em 1905; e 24 de janeiro é considerado pela Igreja Católica o dia do padroeiro da profissão, São Francisco de Sales, que foi bispo, escreveu muito e criou uma linguagem especial para a comunicação com surdos.
É celebração demais para um tímido. Se fosse para escolher um santo como paraninfo, eu ficava com São Tomé, o apóstolo, que nos deixou como legado o saudável ceticismo da profissão. Sou tão discípulo desse santo, que chego a duvidar de que ele tenha mesmo existido.
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