Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
30 de maio de 2011 | N° 16715
L. F. VERISSIMO
Estragos e soluções
Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de “centrosinistra” ou de “centrodestra”, nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro.
Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como “sou mais eu”, sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação. Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas.
O pênis é, por assim dizer, um livre atirador. Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.
Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis.
“Arretez pour la France!” O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.
O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender. A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis, mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.
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