Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 21 de maio de 2011
22 de maio de 2011 | N° 16707
VERISSIMO
Pacóvio
Há uma tese de que se pode saber tudo sobre uma pessoa pelo que ela escolhe para tocar no seu celular
– Cretino!
Foi o fim de uma conversa áspera da moça pelo seu telefone celular. Depois daquele “cretino!”, dito com aquela força, era de se esperar que a moça jogasse o celular longe, como se estivesse jogando fora o próprio cretino. Mas não. Ela apenas desligou o celular e colocou ao lado da sua xícara de café (ou seria chá?), na mesa. O homem da mesa ao lado certificou-se de que ela estava calma, e não despejaria todo o seu ódio, que pela conversa no celular parecia incluir toda a humanidade, sobre sua cabeça, e comentou:
– Palavra curiosa, né? – O quê?
– Cretino. – Por quê?
– Eu sempre pensei que tivesse alguma coisa a ver com Creta.
– Concreta? – Não. Creta. A ilha de Creta. Cretino seria alguém de Creta. Que por alguma razão teria a fama de produzir idiotas.
– E não é? – Não. Fui ver no dicionário. Cretino é quem sofre de cretinismo, uma condição decorrente de problemas na tireóide.
– Não é o caso do meu cretino.
– Eu desconfiei que não era. No dicionário diz que “cretino” também é sinônimo de lorpa, pacóvio...
O telefone tocou. Vivaldi. Ela atendeu rispidamente.
– Quié? Ouviu por alguns minutos, de cara feia. E ela era linda. Depois disse:
- Sabe o que você é? Um lorpa. Qual é o outro?
– Pacóvio – disse o homem.
- Um pacóvio. Nunca vi um pacóvio igual. O quê? Não, não estou com ninguém. Estou tomando um cappuccino sozinha, pensando em como pude perder meu tempo com um pacóvio como você. Por favor, não me ligue mais.
Ela desligou o telefone. Sorrindo. Ele perguntou:
– Marido? – Deus me livre. – Namorado? – Não é mais.
– Posso lhe pagar outro cappuccino? Mais tarde, já na cama, ela distraída, ele perguntou se ela estava pensando no namorado.
– Não, não. Acabou. – O que foi que ele fez, afinal?
- Nada. Pacovice geral. Na verdade, não nos entendemos desde o inicio. Ele é bonito. Mas sabe aquele tipo que tem o bíceps na cabeça? É ele. Não podia dar certo.
– Ainda mais com o Vivaldi. – Como, Vivaldi?
– É o que toca no seu celular. Vivaldi. Uma das quatro estações. Tenho uma tese de que se pode saber tudo sobre uma pessoa pelo que ela escolhe para tocar no seu celular. Uma vez rompi o namoro com uma mulher quando descobri que o celular dela tocava Wagner. Achei que seria perigoso. Já uma mulher que escolhe Vivaldi...
- Não é para qualquer cretino. - Definitivamente não.
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