segunda-feira, 30 de maio de 2011



30 de maio de 2011 | N° 16715
PAULO SANT’ANA


Socorro, um time por favor!

Renato Portaluppi: jamais se viu em nosso meio um treinador, em silêncio absoluto, gritar tanto por socorro para a direção de um clube. E os dirigentes teimaram em não dar para Renato os mínimos reforços necessários. Ontem, no Paraná, chegou a dar pena: o Atlético passou os 45 minutos finais do jogo encurralando o Grêmio, que não tinha recursos para o contra-ataque.

Foi de dar dó. Mas onde está o presidente Odone que não percebe ser cruel esse abandono a que foi relegado o treinador? Onde está o presidente Odone que não percebe que não pertence ao terreno lógico das coisas permitir que o Grêmio só ganhe quando houver uma epopeia como a de ontem?

Chega a ser humilhante o quadro horrendo da falta de atacantes no Grêmio. Como pôde o clube inscrever-se para este Brasileirão sem atacantes? Ninguém na frente, absolutamente ninguém. Ainda uma enganação se permite na defesa, talvez na meia-cancha, como essa enganação a que a direção gremista submeteu a sua torcida este ano.

Mas no ataque cai a máscara da omissão gremista em 2011. Resultado desse gigantesco e irritante erro: só se pode ganhar uma partida quando o goleiro Victor tiver uma atuação lendária, inesquecível como a de ontem.

É duro ser gremista e ter-se no passado acostumado a usufruir de grandes glórias e topar agora com este time remendado, em que há um grande Rochemback, em que há um ótimo Lúcio, mas não há quase mais nada.

E o time é atirado aos leões dentro de campo, com a única esperança do estoicismo, da epopeia. Ou não é epopeia sair vencedor ontem sem ter feito gol? Ganhamos com um gol contra porque não temos jogador nenhum que saiba ou possa fazer gol a favor.

O Grêmio deu ontem um gigantesco passo para fugir do rebaixamento. Não sei se irá fugir. A lógica é que com este time inexpressivo, apesar do talento inequívoco do treinador, seja rebaixado, sinto dizer isso, este é o quadro pragmático das possibilidades gremistas diante desta pobreza franciscana dos valores individuais do time.

Todo o time rebaixado não acreditava que podia ser rebaixado, como a direção gremista não acredita nisso hoje.

Nós, gremistas, somos uns desventurados. Nossa vida perdeu todo e qualquer colorido, não há poesia em viver assim torcendo por um time inexpressivo.

Restou-nos ver o Barcelona. Restou-nos torcer pelo Neymar. Restou-nos admirar qualquer grande futebol que não passe pelo Olímpico.

É demais o sofrimento gremista. Isso dói tanto que parece uma cólica renal.

Alguém vai ter de fazer alguma coisa para nos arrancar deste inferno.

Ontem, o sofrimento foi muito maior que a vitória com as calças na mão.

Socorro! Socorro! Socorro!

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