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quarta-feira, 11 de maio de 2011
11 de maio de 2011 | N° 16697
PAULO SANT’ANA
Tormentos do homem
Enquanto o homem à minha frente me contava sua desesperada história, eu configurava mentalmente todos os seus tormentos.
Um a um, foram caindo todos os seus aliados, a família, os amigos, o emprego.
E ladravam ao seu redor os fantasmas do abandono e da solidão.
As portas todas iam se fechando, uma atrás da outra. Ninguém o ouvia mais. Ergueu-se um paredão de indiferença entre o homem que me narrava a sua desgraça e os outros todos que não queriam acudir-lhe.
Os lábios do homem à minha frente ensaiavam um rancor, suas mãos se retorciam como dois pombos famintos.
Ele não podia entender como sua vida, antes tão bela e prometedora, de repente se tornara um quadro de sinistras sombras.
Ele se encontrava singularmente só, desamparado, a esquivar-se dos voos rasantes de morcegos ameaçadores que pareciam induzi-lo ao suicídio.
Não há nada mais amassador na existência do que um homem ser jogado à impotência escura da solidão desesperada.
O mal que a vida produzira de repente naquele homem era incomensuravelmente maior que o tamanho de qualquer bem que eu pudesse fazer-lhe.
Senti que ele só me relatava o seu caos porque necessitava de uma testemunha para seu drama, nem de longe nutria esperança de que eu pudesse ajudá-lo. Ele só desejava que alguém conhecesse as minúcias de seu infortúnio.
Quanto mais eu o ouvia, mais minhas glândulas lacrimais despejavam seu líquido dolorido sobre minha face.
Foi quando o homem, incrivelmente, esboçou um sorriso. E disse-me: “Consegui o que queria ao contar meu caso para o senhor. Eu precisava desabafar para alguém. E, se não solucionei meu drama, pelo menos tive a alegria de compartilhá-lo com alguém”.
Mudando de assunto, sinto ao meu redor que Falcão e alguns colorados que ainda lhe restam estão preparando uma ratoeira para o Grêmio domingo que vem.
Convido meus leitores a pensarem comigo: no Gre-Nal passado, o Internacional era claro favorito. E perdeu para o Grêmio com um Beira-Rio quase lotado.
Agora, o Olímpico é que vai estar lotado. Ou seja, o quadro é literalmente o mesmo.
O que eu queria afirmar aos meus leitores é que esta vantagem que o Grêmio tem, de só perder o título se perder de 0 a 2 ou 1 a 3, em realidade não é vantagem, é desvantagem.
Ou seja, é a desvantagem do favoritismo, tantas vezes fatal para tantos favoritos.
Renato Portaluppi precisa urgentemente tirar da cabeça dos jogadores gremistas essa ideia destruidora do favoritismo.
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