terça-feira, 10 de maio de 2011



10 de maio de 2011 | N° 16696
PAULO SANT’ANA


Reprogramando a vida

Estou reprogramando a minha capacidade de encarar a vida e as pessoas.

O que era em mim uma arraigada convicção (a de que a maldade humana não tem limites) me soa agora muito menos negativamente: há muitas pessoas que dirigem sua vida no sentido do bem, há muita gente boa neste mundo, vale a pena ainda investir no caráter de tanta gente.

Cheguei até a encarar com mais suavidade a maior decepção que tive com a humanidade: o fato de dois governos consecutivos dos EUA terem declarado que torturavam presos terroristas para obter confissões.

Estarrecido e decepcionado com o valor dos homens, consenti que dia haverá em que governo nenhum permitirá que seus beleguins torturem e pelo menos essa garantia a humanidade terá. Dia ainda haverá.

Mas, voltando ao caráter das pessoas humanas, há que se desculpar algumas maldades que elas cometem. Por exemplo, quando reclamamos que deveriam nos dar mais atenção, que deveriam chegar mais junto de nós, principalmente nos instantes em que mais precisamos de carinho e conforto, esquecemos que o mundo de hoje é tão atribulado, que falta tempo a todos para serem mais solidários.

Fico eu querendo ser melhor acarinhado por determinadas pessoas que têm de dar atenção a um sem-número de pessoas mais importantes do que eu, seus filhos, seus parentes, suas mães, seu estudo, seu trabalho, enfim todos os encargos a que também me entrego e, justamente por isso, também dou menos atenção aos outros.

Estou reprogramando meu modo apressado de julgar as pessoas: elas são bem melhores do que eu pensava que fossem, vale a pena investir nelas, é forçoso acreditar nelas, caso contrário, não haverá mais sentido para a vida.

Estou levando fé nessa minha reprogramação: em síntese, deixo assim de ser um cético para tentar me tornar um otimista.

Creio, logo vivo.

Nesse processo de reinvenção dos meus princípios e de minhas condutas é que ontem, inesperadamente, fiz meu quadro no Jornal do Almoço e logo em seguida participei do Sala de Redação.

Este ano, eu completo 40 anos no exercício desses dois programas e não posso deixar a peteca cair.

Assim é que fui mexer com a colorada Cristina Ranzolin no JA sobre o resultado do Gre-Nal e depois brinquei de terçar armas com a turma inquieta do Sala.

Senti-me como se tivesse nascido de novo. Como é bom a gente se sentir útil.

Faltam seis dias para o Gre-Nal que decide finalmente o campeonato gaúcho.

Onde mesmo vai ser o Gre-Nal? Ah, no Olímpico. É mesmo, no Olímpico.

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