terça-feira, 24 de maio de 2011



24 de maio de 2011 | N° 16709
PAULO SANT’ANA


Meta menor do Grêmio

Não sei como certos projetos são levados à frente, sem nada que reaja a eles.

É o caso de muitos programas de debates esportivos na televisão brasileira, em que é tácito que não pode haver discordância entre os debatedores.

Sucedem-se os programas e nunca um participante discorda do outro, como num código de solidariedade contida. Nunca!

Eu assisto às vezes a esses programas na esperança de que eles contenham oponência entre os que debatem, mas em vão.

É muito provável que seja recomendado aos que participam desses debates que não entrem em atrito com os que estão na bancada, que a ordem é concordar, que lugar de qualquer discussão não é ali.

E o resumo desses encontros mornos, arrastados e sonolentos é que os telespectadores ficam completamente privados de qualquer discussão.

São congressos televisivos de confraternização ideológica e opinativa.

Era hora de se mudar esse eixo fulcral chato e nauseante dos debates esportivos pela televisão.

Quanto a mim, desde que há 40 anos fiz-me jornalista, tenho a vocação de discordar e discutir.

Por isso é que vou discordar de forma veemente de um dos mais prestigiados comentaristas de jornal e rádio do nosso meio: Wianey Carlet.

O Wianey disse em vários espaços, quando estava terminando o Gauchão, que o time do Grêmio é melhor do que o do Internacional.

Não sei como pôde dizer esse absurdo.

Não bastasse o time do Internacional ser muitas vezes mais caro (em dinheiro) do que o do Grêmio, chega a ser comovente a dificuldade que o Renato tem para escalar seu time. Só para dar um exemplo, não há avantes no Grêmio, enquanto o Internacional tem-nos de sobra no time e no banco.

Evidentemente que não foi intenção do Wianey, ao pronunciar o absurdo, que o Grêmio se convencesse de que é melhor do que o Inter e deixasse de contratar bons valores para o resto do ano.

Não foi intenção, mas acabou como resultado: os dirigentes não reforçaram o time para o Gauchão e a Libertadores, baseados também na opinião do Wianey.

Foi erro mesmo do Wianey, erro de cálculo, erro de avaliação, lamentável erro que todos reconhecem e que me levou à decepção raivosa.

Quanto ao erro maior, o da direção do Grêmio ao ter pensado que tinha time para ser campeão regional, ir à frente na Libertadores e disputar o Brasileirão, quero dizer que agora é mais fácil a tarefa da direção gremista do que a do Inter no campeonato nacional: o Inter, para atingir sua meta, tem de ganhar pouco mais de 70 pontos e abraçar o título, enquanto que para o Grêmio a meta é de 40 e poucos pontos, para não ser rebaixado.

E é enorme hoje o risco de rebaixamento do Grêmio.

Hein, Wianey?

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