sexta-feira, 6 de maio de 2011



Quase autobiografias de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888-1935) é considerado o maior poeta de língua portuguesa de todos os tempos.

Ele escreveu muitos livros e criou vários heterônimos, sendo os principais Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. José Paulo Cavalcanti Filho, advogado no Recife, consultor da Unesco e do Banco Mundial, ex-ministro da Justiça, membro da Academia Pernambucana de Letras e autor dos livros Informação e poder e O mel e o fel, publicados pela Editora Record, lançou, há poucos dias, a alentada obra Fernando Pessoa - uma quase autobiografia. Nas 736 páginas do volume, ilustrado com fotos e recheado de poemas de Pessoa, o autor trata da vida do poeta, na infância e juventude e das múltiplas vidas do gênio português.

No poema Pecado original, Fernando Pessoa se perguntou: quem escreverá a história do que poderia ter sido? Ele foi escrevendo aos poucos: africano, alemão, brasileiro, francês, inglês, português monárquico e militante republicano; decifrador, filósofo, geógrafo, grafólogo, jornalista e louco; clínico geral, psicólogo e psiquiatra; homem, mulher e espírito; aristocrata, imperador romano, mandarim, marajá e paxá; adivinho, alquimista e muitos mais, Pessoa se revelou e se mascarou em muitos rostos.

Cavalcanti Filho nessa biografia passiva armou com muita perícia o conjunto de vidas que compõe as vidas de Pessoa, mostrando, afinal, que ele, infeliz, sonhou ser tantos e não conseguiu ser ele próprio. Cavalcanti mostra o anti-herói de uma forma que nem ele o faria, com detalhes e amplitude inéditas. A obra é dividida em quatro atos. No primeiro são contados seus primeiros passos e caminhos, tempos na África e em Lisboa e a relação com Sá-Carneiro, o melhor amigo. No segundo os heterônimos são estudados.

No terceiro é enfocada a relação de Pessoa com o Brasil, os pratos preferidos, as profissões, os livros e a maçonaria, entre outros temas. No quarto ato é abordado Mensagem, um dos maiores livros de Pessoa, seus problemas mentais, o gosto pela bebida e a morte do poeta. Na orelha, Richard Zenith diz que não há vida e obra de Pessoa e, sim, vida-obra ou obra-vida, indissociáveis. Mais não é preciso dizer.

Editora Record, 736 páginas, mdireto@record.com.br.

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