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sexta-feira, 27 de maio de 2011
27 de maio de 2011 | N° 16712
PAULO SANT’ANA
O espaguete à carbonara
Tenho a vaidade de conhecer a natureza feminina, tanto quanto a conhece com profundidade o poeta Chico Buarque de Hollanda.
Por isso é que tenho a certeza de que estou sendo alvo de assédio sexual por parte de uma colega de ZH.
Vão lá já por uns oito meses que ela me convida para comer em sua casa um espaguete à carbonara.
Volta e meia nos encontramos e ela repete o convite. Inicialmente era para um talharim al pesto.
Ponderei que não gosto nem de talharim nem de molho pesto. Eu só iria se fosse espaguete à carbonara.
Passou uma semana e a minha colega veio toda faceira me anunciar que tinha arranjado uma receita do espaguete à carbonara e que eu podia marcar a noite em que iria saborear, na casa dela, a iguaria.
Fiquei de manejar as minhas datas vagas, e alguns dias depois ela me cobrou novamente de ir à casa dela para o jantar.
Ontem foi uma data decisiva. A minha colega me cobrou com veemência que eu marcasse a data para ir devorar o seu espaguete à carbonara.
Fumei um cigarro para respirar e pronunciar a minha decisão. Eu ando numa fase da vida em que, quando quero respirar, puxo um cigarro para fumar. É a mesma coisa que a gente beber vinho só porque tem de dirigir dali a pouco.
“E daí?”, perguntou ela com um grito.
Eu expliquei que tinha prometido a nosso colega Moisés Mendes que, no dia em que viesse a comer espaguete à carbonara, o levaria junto, ele também adora esse prato.
Pensei que com isso, já que calculo que minha colega tem apenas como pretexto o espaguete, o que ela quer mesmo é ter um romance comigo e pretende por isso me ter sozinho com ela em sua casa, eu iria sair de fininho do convite.
Para minha surpresa, minha colega não só aceitou a companhia do Moisés, de quem ela é amiga (e aí foi o meu erro), como também disse que já tinha comprado o vinho para regar o jantar: Cheval Blanc, tinto francês, uma delícia.
Mas minha colega, que, diga-se de passagem, é uma pessoa apetitosa tanto física quanto intelectualmente, me disse por fim, depois de tudo combinado para o jantar, o seguinte: “Só tem uma condição. Vamos jantar eu, tu e o Moisés em minha casa. Mas, duas horas antes de tu ires embora, o Moisés vai se retirar. Para deixar bem pactuado: o Moisés sairá da minha casa duas horas antes de ti”.
Bingo! Eu tinha acertado na mosca, agora não restava mais nenhuma dúvida: minha colega estava cometendo assédio sobre mim.
Marquei a data para a semana que vem, mas estou queimando neurônios para saber qual a desculpa que vou arranjar para não ir.
Já decidi que não vou. E ando tão mergulhado na abstinência sexual, que não vou a esse jantar mas já estou amargando desde já o remorso de não comer aquele espaguete à carbonara.
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