sexta-feira, 13 de maio de 2011



Brasil barra importação de carro

Diante da falta de negociações e do atraso de liberações para produtos brasileiros, Planalto passou a exigir licença prévia

Em clara retaliação à Argentina, que tem retardado a liberação da entrada de produtos brasileiros no país, desde terça-feira o Brasil exige licença prévia na importação de carros. De janeiro a abril deste ano, 80% dos carros que entraram no Brasil vieram da Argentina ou do México – isentos de imposto de importação – e apenas 20% dos demais países.

Regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) permitem a medida, desde que a licença seja concedida em 60 dias e não discrimine países. Até a assessoria de imprensa da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) informou que a entidade não vai se manifestar por entender que o alvo é a Argentina.

A Abeiva só representa importadores que trazem veículos tributados em 35%. A maior parte dos carros que vêm da Argentina e do México é negociada pelas montadoras brasileiras. Sua representante, a Anfavea, considera cedo para avaliar o impacto da barreira, mas já admite a possibilidade de “replanejamento”.

Há informações não confirmadas de 70 caminhões com veículos da Argentina aguardando liberação em postos de fronteira. Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, há 30 caminhões parados, a maioria de veículos Toyota.

Na terça-feira, o ministro Fernando Pimentel havia dado uma espécie de ultimato, dizendo que esperaria até o final da semana a resposta a carta enviada à ministra da Produção, Débora Giorgi. Na correpondência, cobrava o cumprimento de acordo feito em fevereiro para evitar prejuízo por barreiras a exportações brasileiras.

– Pelo relato que temos dos setores que exportam, está havendo (prejuízos). Vamos aguardar até o final desta semana para ver se há mudança. Caso contrário, a gente pensa no que fazer – afirmara Pimentel.

No Estado, a decisão foi festejada por Claudio Bier, presidente do Sindicato da Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas. A demora na liberação da entrada de máquinas no período da colheita tem impedido vendas à Argentina.

– O governo está começando a atender nosso pedido. A John Deere, que demitiu e depois deu férias coletivas a funcionários, traz motores da Argentina para montar máquinas aqui, depois não consegue entrar lá – disse Bier.

Por envolver grande intercâmbio entre as indústrias brasileira e argentina, pondera o ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, a medida embute riscos:

– A longo prazo, pode atrapalhar empresas brasileiras, criar imprevisibilidade e atrapalhar investimentos nos dois países.

Com a experiência de ter retaliado a Argentina no governo Lula, Barral ressalva que o objetivo da restrição não é perturbar o comércio, mas forçar tratativas:

– A negociação fica mais difícil pelas pressões eleitorais (a Argentina escolhe o presidente em outubro). É bom para acabar com a catimba argentina.

Um comentário:

Francisco Brianezi disse...

Ultimato ao Brasil? #Boicote já !!!

http://bit.ly/moLeeS
http://twitter.com/#!/search?q=%23Boicote