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sexta-feira, 13 de maio de 2011
13 de maio de 2011 | N° 16699
PAULO SANT’ANA
Metade do ganho em impostos
Eu não conheço classe mais desgraçada, nos últimos 70 anos que tenho presenciado, que a dos funcionários públicos estaduais, os que pertencem ao Poder Executivo.
Sempre que se sucedem os governos, esse naco espoliado da nossa sociedade enche-se de alguma esperança.
Foi assim também com a eleição de Tarso Genro como governador. Era possível que finalmente um governante pudesse conceder aos funcionários públicos estaduais algumas melhoras em seus ganhos, nada espetacular, mas que pelo menos suavizasse as suas históricas agruras.
Eis que, passadas as primeiras fases de transição, surgem das brumas os ensaios de projetos do novo governo.
E jazeram estupefatos os funcionários estaduais: o governo, além de não acenar com qualquer avanço salarial, promete que vai elevar a taxa de contribuição previdenciária para 16,5%, criando também a taxa de inspeção veicular.
Incrivelmente, quem ganhava pouco vai ganhar ainda menos, eis que o governo avança sobre os caraminguás obtidos arduamente pelos barnabés estaduais.
Calculem agora o que será da vida dos nossos funcionários públicos. Eles já pagam 27,5% de Imposto de Renda. E agora terão de pagar 16,5% de contribuição previdenciária.
Só nessas duas tacadas, serão extorquidos pelo poder público, imaginem, pasmem, parece mentira, 44% de impostos sobre os funcionários públicos.
Ou seja, metade da miséria que já ganham será de impostos.
Nunca vi nada mais inquietante e apavorante. E injusto.
Tenho certeza de que o governador Tarso Genro, homem sensível que é, não levou em conta esse simples e óbvio cálculo que estou fazendo.
Não há qualquer lógica contributiva ou societária que suporte um tal golpe sobre as contas pessoais dos funcionários públicos estaduais: metade do que teriam para perceber dos cofres públicos retornará automaticamente aos cofres públicos pelos títulos de imposto e contribuição.
Isso é um absurdo inominável. Pense bem, governador Tarso Genro.
Os deputados estaduais vão permitir essa hemorragia fiscal?
Mas como? Quando se pensava que era um concerto entre os homens públicos brasileiros que nenhum segmento do povo suportasse mais qualquer aumento de imposto, vem essa guilhotina afiada descer sobre os pescoços dos desventurados funcionários?
E, além de tudo, cai sobre todos essa maldita taxa de inspeção veicular, visivelmente já cobrada pelo tradicional IPVA. E as outras despesas todas desses desgraçados?
É tão febril e delirante a proposta, além de se constituir em agressão desproporcional à bolsa dos pobres e tristes funcionários, que o controle sensorial que se possa exercer sobre a personalidade política e ideológica do governador autoriza que se conclua que ele não levará à frente esse intento dizimador.
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