segunda-feira, 16 de maio de 2011


Editorial Folha

O valor do professor

Governo estadual paulista programa série de aumentos para mestres da rede pública, primeiro passo para atrair e manter os melhores na escola

A decisão do governo paulista de conceder reajuste de 42,2% aos professores, escalonado ao longo dos próximos quatro anos, possui o mérito inequívoco de promover a valorização do magistério.

A baixa remuneração dos docentes, em São Paulo como em todo o país, é uma das grandes deficiências do sistema educacional público. Os salários defasados afastam da carreira os melhores alunos das universidades, além de servir como desestímulo aos que se aventuram na profissão.

Isoladamente, no entanto, a iniciativa paulista não basta para reverter a insuficiência das escolas públicas. A maior parte dos alunos ainda sai delas com conhecimentos não mais que rudimentares de português e matemática.

O resultado mais recente do Sistema de Avaliação de Rendimento Escola do Estado de São Paulo (Saresp 2010) reforça esse cenário preocupante. O único nível em que houve progresso significativo foi o ensino fundamental 1.

A política de aumentos dos salários dos professores vem, portanto, em boa hora. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) promete, para as próximas semanas, o anúncio de medidas complementares. Seriam um novo plano de carreira e aperfeiçoamentos na política de gratificações por mérito instituída por seu antecessor, José Serra, também ele tucano.

A atual gestão, que em algumas áreas tem desarticulado iniciativas do ocupante anterior do Bandeirantes, já se comprometeu a manter o pagamento de bônus aos professores da rede pública. O apregoado aperfeiçoamento do mecanismo é bem-vindo.

Algo de que não se pode abrir mão é a contrapartida de requalificação dos professores. Sobretudo agora que veem atendida a reivindicação de reajuste, é obrigação dos docentes aproveitar todas as oportunidades de reciclagem profissional oferecidas pelo Estado.

A contratação de uma consultoria externa, para buscar soluções que levem os alunos da rede pública paulista a se equipararem a seus colegas de outros países, no prazo de uma década, também parece fazer parte da constatação -de resto, tardia- de que o quadro do ensino no Estado é grave.

O reajuste salarial aos cerca de 375 mil professores da ativa e aposentados terá, como é óbvio, o condão de apaziguar o sindicato da categoria, que passou os últimos anos às turras com José Serra. Essa distensão não implica ceder às reivindicações desse grupo, muitas vezes despropositadas.

A solução da difícil equação do sistema educacional passa, sem dúvida, por uma remuneração adequada dos responsáveis pela transmissão do conhecimento. Não existe bom ensino sem mestres preparados e motivados.

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