segunda-feira, 16 de maio de 2011



16 de maio de 2011 | N° 16701
PAULO SANT’ANA


Campeão saiu das cinzas

Nunca vi um Gre-Nal com tantas e tão emocionantes alternâncias prometedoras com vistas ao título.

Quando o Grêmio fez o primeiro gol, ninguém mais tinha dúvidas de que seria o campeão.

Mas quando o Internacional virou o escore em 3 a 1, ninguém mais tinha dúvidas de que o colorado seria o campeão.

Mas ainda, incrivelmente, não eram campeões, ambos.

Que Gre-Nal!

O Internacional surgiu das cinzas depois do 1 a 0 do Grêmio.

O Grêmio surgiu das cinzas depois dos 3 a 1 do Internacional. E surgiu das cinzas com um segundo gol de um jogador que também surgia das cinzas: Borges.

Foi um Gre-Nal mesclado de cinzas e de ressuscitações.

Por isso é que o futebol é o rei de todos os esportes.

Outro que surgiu das cinzas foi o Renan, que tinha sido julgado culpado da derrota anterior no Beira-Rio e ontem desatou a defender pênaltis a torto e a direito.

Bem, os leitores desta coluna são testemunhas que escrevi na semana passada duas colunas alertando para o fato de que o favoritismo do Grêmio era uma desvantagem.

O que todos viam como vantagem, para mim era uma desvantagem.

É que o favoritismo é um fato matemático e estatístico que visivelmente interfere no plano emocional dos jogadores.

O favoritismo se introduz sorrateiro nas células orgânicas dos jogadores que defendem o time favorito, é um vírus, uma estranha doença otimista que carrega no entanto um relaxamento que pega em cheio o ânimo dos atingidos, fazendo-os esquecer de suas defesas e responsabilidades.

Os jogadores de um time favorito vão dormir todas as noites antes do jogo no berço esplêndido do seu favoritismo. E com isso deixam para um relativo segundo plano suas obrigações.

Então o Internacional, que tinha sido favorito no último Gre-Nal do Beira-Rio, perdeu no seu estádio.

E o Grêmio, que foi favorito no Gre-Nal de ontem, perdeu também no seu estádio.

Parece-me muito clara – e afirmada – a minha posição a respeito do favoritismo.

A sorte de Falcão no Internacional, por assim dizer, decidiu-se nos pênaltis de ontem. Salvou-se Falcão, ganhando assim o seu primeiro título como treinador.

Já sobre Renato, só se tem de dizer uma coisa: ele de novo fez milagre em levar o Grêmio até a decisão de ontem: porque o Internacional é infinitamente superior ao Grêmio em valores individuais.

Renato foi obrigado a fazer das tripas coração para escalar seu time nos três Gre-Nais. Não sei como conseguiu fazê-lo, nem pênaltis os jogadores que Renato tinha à disposição sabiam bater, perderam em duas decisões em pênaltis.

E no Grêmio aconteceu a lógica: os dirigentes não contrataram para fazer um time à altura do Inter, perderam a hegemonia para o rival, além do fracasso na Libertadores.

Será que os dirigentes do Grêmio vão agora repetir o erro para o Brasileirão, deixando o Renato espremido na insuficiência do seu time?

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