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segunda-feira, 9 de maio de 2011
09 de maio de 2011 | N° 16695
L. F. VERISSIMO
Os inventores
Não há muito o que inventar no futebol. Depois que desapareceram os ponteiros e os laterais viraram alas, o futebol parou de mudar. Ficou mais corrido e mais disputado, é verdade, mas isto tem a ver com preparo físico e com o robustecimento geral da espécie, nada a ver com táticas.
Hoje, um técnico de futebol interfere no jogo pela quantidade de jogadores que escolhe por setor. Três atrás, uma multidão no meio e um na frente. Quatro-quatro-dois. Etc. Sua criatividade se resume em variar os números.
Criatividade mesmo é a do bom jogador, que dentro de campo inventa muitas maneiras diferentes de jogar, e aí o mérito do treinador é o de tê-lo escalado. Mas qual foi a última vez que apareceu uma nova tática, uma quebra na ortodoxia do futebol? Aquela seleção da Holanda em que todo mundo jogava em todo o campo o tempo todo foi uma demência que deu certo, e nem tão certo assim, mas demência não pode ser exemplo. Quem mais?
E no entanto houve um tempo de inventores. Quando o próprio futebol primitivo se prestava à experiência e à novidade. Sabemos dos inventores por relatos nem sempre confiáveis. Nunca fica claro onde termina a memória e começa a fantasia. Aimoré Moreyra era mesmo o mago que dizem, ou sua fama de estrategista tem mais mito do que fato? Flávio Costa, técnico da Seleção na fatídica Copa de 50, tinha inventado a “diagonal”, que nunca se ficou sabendo exatamente o que era.
Mas era uma experiência nova. Não havia um Martim Francisco, considerado o filósofo do futebol? O ex-jogador Tim se transformara em técnico e também conquistara a fama de grande estrategista. Transmitia suas teorias aos jogadores e demonstrava como deveriam fazer na prática com botões em cima de uma mesa. E constantemente se queixava porque seus botões se movimentavam melhor do que seus jogadores.
Mudanças pequenas podiam ser revolucionárias, quando o futebol de hoje começava a tomar forma. O simples recurso de jogar com um ponteiro direito recuado e fechando o meio-campo, no caso o Telê, fez do Fluminense dos anos, sei lá, 50 um time diferente e vitorioso. A tática passou a ser copiada, mas tornou-se mais comum recuar o ponteiro esquerdo, e o exemplo mais bem-sucedido desse “jogador tático” foi o Zagalo, consagrados – o jogador e a tática – na Copa do Mundo de 58.
Talvez o ponteiro armador tenha sido a última invenção da era dos estrategistas, reais ou mitológicos, antes da grande revolução que acabou com os ponteiros e inaugurou a ortodoxia atual. Hoje, bom treinador é um bom psicólogo, que saiba condicionar e empolgar seu time, enxergue as falhas e saiba corrigi-las e acerte na distribuição dos seus números. Talvez ainda se usem os botões do Tim, mas não há mais nada para ser mudado.
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