sábado, 28 de maio de 2011



28 de maio de 2011 | N° 16713
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Charamuscas & Picholeios

1. Grandes comemorações estão assinalando no Alegrete o centenário de nascimento de Waldemar Borges, que foi prefeito do município de 1956 a 1959. E que Prefeito! Gauchão simples, fazendeiro, ficou famoso por bordar o mapa alegretense com estradas.

E pela honestidade (aliás, não há até hoje caso de político alegretense desonesto). Mas Waldemar Borges ainda fazia mais: como ele pegou a prefeitura praticamente falida e sem crédito, para comprar qualquer coisa para o serviço público ele empenhava o seu nome pessoal, porque sabia que sua palavra valia mais que um documento escrito. Perdeu muito dinheiro assim: “Não tem dinheiro para fazer aquela ponte no Caverá, Prefeito!”. “Eu tenho. Faz que eu pago”.

E pagava mesmo. E assim gastou uma estância... Grande amigo da minha família (o Aldo meu irmão, foi secretário municipal na gestão Borges). Waldemar Borges morreu em junho de 1999, aos 88 anos. Foi um grande prefeito, mas o que ele era mesmo era um grande gaúcho.

2. O Clube Pitôco, que é quase uma confraria de aficionados ao mais tradicional jogo de cartas do Estado, elegeu e empossou a nova diretoria nesta semana: o presidente é Vitor Borges de Melo; o vice, J.M. Vargas; o primeiro secretário, Eduardo Martins; o segundo, André Goelzer; o primeiro tesoureiro, Juarez Alves; o segundo, J. Fontoura; o diretor social, Juliano Murad. Tudo gente nova, uma verdadeira renovação, diretoria executiva da qual muito se espera.

Os veteranos ficaram para o conselho deliberativo: Bráz Amarillo, João Rodrigues (o Charrua, grande declamador), Leonel Távora (presidente que deixa o cargo), Luiz Nilson, vulgo Peruca, Miguel Fernandes, o único serrano que joga truco, Nei Machado, uma lenda viva do truco, e Vicente Cardoso. Eu, que sou patrono do Clube de Truco Pitôco e que não entro em eleições, dou os mais sinceros parabéns aos novos dirigentes.

3. Recebi um livro sensacional, 1933 A Invasão de Santo Tomé, mais uma obra do escritor e pesquisador Iberê Athayde Teixeira. Por duas vezes gente de São Borja cruzou o rio Uruguai e invadiu a cidade argentina de Santo Tomé, na província de Corrientes no ano de 1933, o que custou ao governo brasileiro uma pesada indenização.

O caudilho que liderou a façanha foi Benjamin Vargas, o famoso Bejo Vargas, sobrinho de Getulio Vargas. Bejo era uma figura incrível: moço, valente, um líder inato.

Seu braço executivo era o Tenente Gregório Fortunato, que mais tarde ficaria famoso na História do Brasil como comandante da guarda pessoal do presidente Getúlio. Iberê tem um jeito gauchesco quase coloquial de escrever, absolutamente delicioso, e o episodio que ele narra era meio tabu na historiografia oficial. Parabéns, amigo Iberê.

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