sábado, 3 de abril de 2021


03 DE ABRIL DE 2021
BRUNA LOMBARDI

MILAGRES DA PÁSCOA

Dois dos mais importantes e emblemáticos acontecimentos da ancestralidade falam de milagres. Na tradição do Cristianismo, a Páscoa comemora a Ressurreição. Na tradição do Judaísmo, o Pessach é a festa da Libertação.

As raízes do Pessach na história judaica são profundas. Moisés, ainda bebê, foi colocado por sua mãe numa cesta no Rio Nilo, para escapar da matança. Foi salvo pela filha do faraó egípcio que o criou. Já adulto, segue seu chamado e conduz os israelitas para fora do Egito, onde eram escravos. É o início do Êxodo, quando o povo de Israel depara com a última fronteira da fuga: o Mar Vermelho. E desesperados começam a atravessar as águas.

Nesse momento acontece o conhecido milagre: as águas se dividem pra que eles possam passar. Pessach celebra a saída dos Filhos de Israel da escravidão e serve para lembrar de continuar a luta pela liberdade.

A fé cristã comemora outro grande milagre: Jesus, morto na cruz, ressuscita no terceiro dia e volta a viver.

Após sua morte, sepultamento e ressurreição, Jesus aparece durante um período de quarenta dias para depois ascender aos céus. Durante esse tempo, acontece uma sucessão de milagres que até hoje suscitam diversas interpretações.

E para quem, como na famosa parábola de São Tomé, só acredita vendo, vem a resposta de Jesus: "Tu só acreditas porque me viste. Bem-aventurados os que não viram e creram".

Mesmo que tantos céticos questionem a autenticidade das histórias que nos são passadas através dos séculos, dogmas não se questionam. Dogmas não se discutem, são doutrinas que se aceitam ou não, são relatos que atravessam o tempo, passados de geração a geração e registrados em escrituras, canções, manuscritos e livros sagrados.

Mesmo nos Evangelhos há contradições e muitas histórias não se completam. E já naquela época os sumo sacerdotes, por não acreditarem nessa ideia de ressuscitar, pagaram para que se espalhasse a informação de que o corpo de Jesus havia sido roubado. O que prova que fake news não é uma coisa nova, mas sempre fez parte da história da humanidade.

Somos todos baseados num sistema de crença. Até os que questionam, os que refutar e não acreditam, se baseiam no mesmo sistema ao inverso, o de crer que não acreditam.

A base de toda fé é justamente acreditar no que não se vê, no que não se sabe. Naquilo que não é provado cientificamente, não possui embasamento histórico, não é concreto e se desmancha no ar.

Acreditar é uma questão de sentimento. Um ponto interno que nos guia e nos faz bem. Acreditar nos traz alento, acolhimento, consolo. É um bálsamo para as nossas vidas. Abre a cancela da possibilidade, acende a chama da esperança.

Todas essas histórias são feitas de símbolos, rituais e mitos que servem não apenas para reforçar nossas origens, mas para descobrir um paralelo ao momento em que estamos vivendo.

O momento de agora é de dor, e com certeza vai passar para a história como mais um enfrentamento. Que seja também um momento de vitória. Precisamos de um milagre. E é preciso acreditar para que ele aconteça.

Feliz Páscoa a todos.

BRUNA LOMBARDI

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