sábado, 10 de abril de 2021


10 DE ABRIL DE 2021
ESPIRITUALIDADE

QUE O EGOÍSMO SEJA VENCIDO

Índia, há 2.600 anos. Um jardim florido. A gestante, coberta por um sari bordado a ouro, sente as contrações. Levanta-se e se segura no tronco baixo de uma árvore. Suas atendentes preparam um ninho de folhas e tecidos caros, raros, para receber o bebê. Tendo a força da gravidade como sua aliada, ele nasce.

Dos céus cai um néctar celestial, doce chuva que refresca o ar. As flores todas desabrocham. Foi chamado de Sidarta Gautama. Sua mãe morreu uma semana após o parto.

Sua tia, irmã de sua mãe, o adotou. Viveu no castelo, bem cuidado, forte, inteligente, reflexivo. Gostava de meditar, o que preocupava seu pai que queria fazer dele um grande guerreiro, um rei, seu sucessor. Sidarta aceitava os conselhos do pai, mas de tempos em tempos se perdia em meditações e reflexões sobre a existência, vidamorte, dores, tristezas.

Casou-se, teve um filho e fugiu do castelo. Vagou pelas matas procurando um sentido. Anos e anos no Yoga, no ascetismo, até que, finalmente, sentou-se em Zen e despertou. Foi chamado Buda Xaquiamuni.

Dia 8 de abril teria sido, no calendário atual, a data de seu nascimento. Buda significa o desperto. Um ser livre, um ser comum, que não é enganado por ninguém, nem por sua própria mente. Quem não gostaria de ser livre e adentrar o reino dos despertos? Basta afastar-se dos apegos e das aversões. Sem se entristecer com as críticas nem se engrandecer com os elogios.

Mestre Eihei Dogen, no século 13, no Japão: "Vidamorte é a própria vida de Buda. Não deseje uma e não sinta aversão à outra". Que frase difícil em meio a pandemia, quando há tantas mortes, hospitais lotados, quando está faltando tudo, até o respeito mínimo a cada vida humana. Dizem especialistas que ainda irão morrer outros 300 mil brasileiros. Lamentável. Cada morte dói. Cada morte conta. Sabemos que todos morrem, mas há um momento de morrer e um de viver. Não podemos confundir uma coisa com outra.

Quem sabe os países ricos, com muito mais vacinas do que sua população, possam despertar e oferecer seu excesso às nações sem imunizantes suficientes? Ah! Como será bom ver a solidariedade superar o egoísmo. Que todos os governantes de todos os países possam despertar. Que cuidem para que todos criem anticorpos. Só assim eles mesmos sobreviverão.

Nossa vida no planeta depende agora de cada um e de todos nós. Se você descuidar, ir a passeios, festas, jogos, aglomerações, não usar máscaras, você será um Buda sem vida, sem brilho, sem luz, adormecido, sonambulando pelas ruas, quiçá morto. Por favor, não julgue. Não fale. Liberte-se e vá além de si mesmo. Entre na casa sagrada. A sua casa. Permita que seu Buda interior o oriente. Siga sem esforço e sem ansiedade a sua consciência ética. Ainda há tempo. Arrependa-se e transforme a confusão em clareza.

Há um caminho muito simples para se tornar um Buda, escreveram os antigos: evite fazer, falar ou pensar mal. Liberte-se. Não deseje reconhecimento pelas suas ações, não espere recompensas. Desapegue-se. Compreenda e sinta compaixão por todos os seres. Mostre reverência aos mais antigos. Seja bondoso e gentil com os mais jovens. Não abuse de ninguém. Sinta prazer na existência. Mantenha sua mente livre de desejo, julgamento e ansiedade. Então, só então, você será reconhecido como um ser que despertou. Quanto todos despertarem haverá harmonia e respeito, alegria e compartilhamento.

Vem, ainda dá tempo. Podemos transformar o ego em eco.

Mãos em prece

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