19 DE ABRIL DE 2021
OPINIÃO DA RBS
EDUCAÇÃO E VACINA
Uma das mais duradouras sequelas da pandemia, a ser sentida de forma ainda mais drástica no Brasil, devido à elevada desigualdade, será o prejuízo imenso à aprendizagem de crianças e adolescentes devido à interrupção das aulas presenciais. Não é novidade que o quadro é ainda mais grave para os estudantes que dependem da rede pública, especialmente os que são de famílias mais humildes, sem condições financeiras de disponibilizar uma internet de qualidade e dispositivos apropriados para acessar os conteúdos de forma remota. A persistência deste afastamento, que dura mais de um ano, tende a aumentar o fosso social no país e condenar parte expressiva de uma geração a maiores dificuldades de colocação no mercado de trabalho no futuro, com consequências trágicas como a redução da produtividade da economia e a perpetuação da pobreza.
É dever da sociedade e dos governantes insurgir-se contra essa realidade. A forma mais efetiva, hoje, de começar a reverter essa situação catastrófica é incluir os professores e funcionários de escolas nos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19, permitindo que paulatinamente e de forma segura seja possível voltar às salas de aula, um retorno escudado ainda em protocolos sanitários e de distanciamento. Mesmo que a ordem da imunização dos docentes e demais colaboradores siga a sequência determinada para organizar a fila, como idade e comorbidades, a educação tem de ser considerada também um serviço essencial. Na maior parte do mundo, convencionou-se que as escolas teriam de ser as primeiras a abrir e as últimas a fechar. No Brasil, entretanto, os colégios permanecem cerrados, enquanto os planos de flexibilização privilegiam uma série de outras atividades.
Neste contexto, acerta o governo gaúcho ao buscar, no Supremo Tribunal Federal (STF), a garantia do direito de dar primazia da vacinação aos trabalhadores da educação. A mobilização também conta com a adesão da Assembleia, para que, na esfera judicial ou política, seja reconhecida essa necessidade premente, que vale também para a rede particular, apesar de em regra seus alunos terem melhores meios para acompanhar as aulas em ambiente virtual e pais mais bem preparados para dar auxílio.
A escola, especialmente nos anos iniciais, também é essencial para os aprendizados relacionados à socialização. Para os alunos mais carentes, estar no colégio significa ainda proteção a uma série de riscos, da violência à falta de uma alimentação apropriada. Todos esses fatores apenas reforçam que a vacinação de professores e demais servidores do ensino tem de ser considerada prioridade.
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