sexta-feira, 30 de abril de 2021


30 DE ABRIL DE 2021
CINEMA

A força gaúcha na missão heroica de "Tenet", premiado com o Oscar

Rodrigo Dorsch atua na empresa britânica responsável pelos efeitos visuais

Um dos filmes mais ambiciosos de 2020, Tenet recebeu o Oscar de melhores efeitos visuais no último domingo. Na única estatueta que o longa de Christopher Nolan conquistou, o porto-alegrense Rodrigo Dorsch foi um dos operários. Radicado em Londres, é supervisor de composição da empresa britânica DNEG, que trabalhou com os efeitos visuais do filme.

- Foi uma emoção enorme. É um reconhecimento do nosso trabalho em escala global - destaca Dorsch, 44 anos.

Ele também integrou o time de Interestelar (2014), de Nolan, que recebeu o Oscar de melhores efeitos visuais em 2015. Em Tenet, Dorsch foi responsável pela parte que se chama composição, que seria a finalização do trabalho. Seu departamento é o último a mexer nas filmagens realizadas antes de elas irem para uma edição final:

- A responsabilidade é muito grande porque é a imagem final. Ao mesmo tempo, a recompensa também é gigantesca.

Sobre a premiação do Oscar, Dorsch ressalta que a categoria costuma ser bastante concorrida, especialmente pela evolução da tecnologia ao longo dos anos. Porém, observa que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (organizadora da premiação) tende a valorizar projetos em que os efeitos sejam essenciais para contar a história do filme e que misturam técnicas - algo bastante comum nos filmes de Nolan:

- É um diretor que gosta do realismo, por mais absurdas que algumas ideias dele possam parecer. Mesmo esses mundos diferentes que ele cria têm sempre esse pé no mundo real.

Além de Tenet e Interestelar, outro filme de Nolan em que Dorsch também trabalhou foi Dunkirk. No ano passado, esteve no badalado Snyder Cut - versão original do cineasta Zack Snyder para o filme Liga da Justiça (2017). Também constam em seu currículo filmes como Thor: O Mundo Sombrio (2013), Velozes e Furiosos 6 (2013), Godzilla (2014), Star Trek: Sem Fronteiras (2016), entre outros.

Trajetória

Filho do lendário músico gaúcho Beto Roncaferro, Dorsch é formado em Publicidade e Propaganda pela UFRGS. Começou trabalhando com design gráfico e sempre se identificou mais com o aspecto visual. Logo após se formar, partiu para os Estados Unidos, onde viveu em Los Angeles na maior parte do tempo.

Nos EUA, conheceu algumas pessoas que trabalhavam com efeitos especiais, foi introduzido a alguns programas da área e voltou a estudar: foi se especializar na área na New York University (NYU).

Começou com formatos menores, dedicando-se a comerciais. Em seguida, foi para a televisão, trabalhando em séries como Californication, CSI: Investigação Criminal e True Blood. Como sempre teve paixão por cinema, chegou a hora em que ele queria lidar com produções que iriam para a telona.

Mandou seus trabalhos para a DNEG, mas sem grandes expectativas. Após uma entrevista por telefone, Dorsch recebeu uma oferta e foi para Londres, onde vive há mais de nove anos. E também tem seu lado cineasta: chegou a dirigir um curta-metragem de ficção científica chamado Silent Night (2010). Com os conhecimentos que adquiriu na NYU, fez todo o filme em tela verde. Uma experiência que gostaria de repetir:

- Tenho algumas ideias, mas preciso ter o tempo. É uma atividade que eu gostaria de seguir fazendo, mesmo que por lazer.

WILLIAM MANSQUE

Nenhum comentário: