Teste de aglomeração
Acompanhei pela televisão, no último domingo, o jogo final da Copa da Liga da Inglaterra, entre Manchester City e Tottenham Hotspur. Foi um momento histórico do futebol em tempos de pandemia: 7.773 torcedores presentes no Estádio de Wembley. Todos devidamente testados e negativados, a maioria com máscara no rosto e a célebre fleugma britânica até na hora de festejar o gol. Cada um no seu quadrado, sem abraços calorosos ou gritos viróticos no ouvido do vizinho de arquibancada.
Os ingleses estão na vanguarda da luta contra a covid-19. A vacinação está bem adiantada e os números mostram redução continuada das taxas de infecções e óbitos. Por isso, o governo britânico incluiu a presença de público no estádio como parte do programa de afrouxamento das restrições que incluíram ao longo do primeiro ano nada menos do que três períodos de lockdown.
Negacionista no início da pandemia, quando fazia questão de andar sem máscara e apertar a mão até mesmo de pessoas contaminadas, o primeiro-ministro Boris Johnson foi mudando de opinião à medida que aumentava o número de doentes e, principalmente, depois que ele próprio passou pelas agruras da enfermidade. Acabou capitulando completamente diante da realidade e abraçou as recomendações de médicos e cientistas.
Agora os britânicos ensaiam uma saída planejada, cuidadosa, um passo de cada vez e o sinal de alerta permanentemente ligado.
Num estádio com capacidade para 90 mil torcedores, permitiram a presença de 8 mil. E deram um espetáculo de prevenção e bom senso, com direito a futebol bem jogado, num gramado impecável e com regras de civilidade de causar inveja, como a colocação de bolas em suportes distribuídos estrategicamente à beira do campo, de modo a evitar a intervenção direta de gandulas. Até mesmo as medalhas conquistadas pelos campeões foram recolhidas numa caixa pelos próprios atletas, sem a necessidade de terceiros para colocá-las nos seus pescoços.
Um dia chegaremos lá. God save the Queen. E todos nós.
NÍLSON SOUZA
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