terça-feira, 13 de abril de 2021


13 DE ABRIL DE 2021
+ ECONOMIA

Os macacos de Marte e o pinguim de Madagascar

A semana começa com o eco de duas declarações fora da curva feitas por estrelas do governo Bolsonaro, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, na última sexta-feira. O primeiro recorreu a "macacos em Marte", e o segundo evocou o "pinguim de Madagascar" em atos nos quais representavam o governo. Sob intensa pressão devida ao impasse no orçamento, o Guedes tentou explicar a investidores o desacerto entre Executivo e Congresso:

- Você está aterrissando a nave em Marte. Aí chega um macaco, aperta três botões, chuta o painel e começa a desviar a nave. O macaco (...) é o desacerto entre nós. (...) Um macaco pode ter sido da economia, outro está no Congresso, outro lá no entorno do presidente, outro foi um ministro.

O Congresso aprovou o orçamento com pagamento obrigatório para R$ 30 bilhões dos R$ 48,8 bilhões previstos em emendas parlamentares. Para abrir espaço sem furar o teto de gastos, ignorou cifra semelhante, ao redor de R$ 30 bilhões - há diferentes cálculos sobre o valor exato, mas a dimensão é essa. Guedes dizia que havia sido resultado do "desentrosamento" do time.

Agora, quer veto ao orçamento, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-DEM), avisou que não aceita porque tudo estava alinhado com a equipe econômica. Ao dizer que "um macaco pode ter sido da economia", o ministro pretende permitir o veto dividindo a responsabilidade por seus erros. Deixou isso claro:

- O presidente, se tiver de vetar totalmente, em nenhum momento estará indo contra o Congresso. O que ele estará dizendo é o seguinte: ?Olha, erramos na coordenação e precisamos consertar?.

Mais complexa é a explicação sobre a frase de Tarcísio. Se Guedes é uma estrela cadente, o ministro da Infraestrutura ganhou brilho com leilões na semana passada. Depois da última batida de martelo, em contexto que remetia a um elogio a sua equipe, soltou:

- Estou como o pinguim de Madagascar, só me cabe sorrir e acenar.

Ocorre que, na origem, a frase embute um cenário inquietante. Na última cena do filme em desenho animado Madagascar, o diálogo é assim:

- Capitão, devemos informar que o barco está sem gasolina?

- Não rapazes, apenas sorriam e acenem, sorriam e acenem.

Será que o ministro quis dizer que o barco está sem gasolina?

+ ECONOMIA

Como fica a tarifa da Corsan em caso de privatização

Presidente da Corsan, Roberto Barbuti afirmou ontem que não será possível restringir reajustes da tarifa pela inflação oficial em caso de privatização da estatal. No leilão da Cedae, companhia de água e saneamento do Estado do Rio, previsto para o próximo dia 31, há cláusula prevendo que a tarifa só pode subir no mesmo ritmo do IPCA, como relatou a coluna o secretário-chefe da Casa Civil, Nicola Miccione.

Segundo Barbuti, como no caso do Rio há novo contrato de concessão, isso é possível, mas como o modelo escolhido pelo governo gaúcho para privatizar a Corsan não prevê mudança no contrato, adotar essa cláusula não seria possível. No entanto, o executivo avalia que não há necessidade de aumentos reais (ou seja, acima da inflação) para que a companhia gaúcha, uma vez privatizada, cumpra a ambiciosa meta de levar saneamento a 90% das casas no Rio Grande do Sul até 2033, como prevê o marco legal do setor.

Para alcançar essa meta, sustenta Barbuti, a Corsan precisa investir R$ 10 bilhões entre 2022 e 2033, ou seja, cerca de R$ 1 bilhão ao ano. Conforme o executivo, em 2020 a companhia alcançou o maior valor dedicado a novos projetos de sua história, R$ 417 milhões. Para este ano, acabou de captar R$ 600 milhões no mercado financeiro, mas pondera que outras fontes, como bancos públicos federais e estaduais, estão "fechadas" a financiamento de estatais.

- Quem estabelece a tarifa é o regulador. No caso da Corsan, a mais importante é a Agergs, que ajusta a tarifa a cada ano e, a cada cinco, faz uma revisão. Neste ano, temos revisão extraordinária, por ter mudado a base de ativos. Mas tudo indica que é viável executar o plano, desde que se consiga melhorar a eficiência e a rentabilidade, sem a necessidade de aumentos reais de tarifa. Quanto mais eficiente é a empresa, mais pode trabalhar na modicidade tarifária. Hoje, a tarifa da Corsan é impactada pela ineficiência da companhia.

52,5%

é a proporção de indústrias gaúchas com dificuldade para atender à demanda dos clientes por causa da falta de insumos e matérias-primas na pandemia, conforme sondagem da Fiergs. A situação foi pior em novembro, quando o problema atingiu 60,9%. Na média nacional, conforme a CNI, o percentual chega a 73%.

A Assembleia-Geral extraordinária da Petrobras que destituiu Roberto Castello Branco mostra em que clima será a gestão: 52,28% aprovaram sua saída, 21,88% foram contrários e 19,84% se abstiveram. O candidato ao conselho Marcelo Gasparino, que a coluna ouviu na semana passada, solicitou a suspensão por diferenças de redação nos boletins de voto em inglês e em português.

MARTA SFREDO

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