08 DE ABRIL DE 2021
OPINIÃO DA RBS
CONCESSÕES DECOLANDO
O bem-sucedido leilão de 22 aeroportos realizado ontem pelo governo federal, que gerou uma arrecadação de R$ 3,3 bilhões com as concessões, é um sinal inquestionável de que, a despeito da tragédia da pandemia e das sucessivas crises políticas, investidores ainda acreditam no potencial de crescimento do Brasil. O certame, dividido em três lotes, teve um desfecho positivo também para o Estado.
O Bloco Sul, arrematado pela Companhia de Participações em Concessões (CPC), do Grupo CCR, que já administra diversas rodovias no território gaúcho, contempla os terminais de Bagé, Pelotas e Uruguaiana, que receberão investimentos de R$ 206 milhões nos próximos anos. Trata-se de uma ótima notícia, pela possibilidade de incentivo ao desenvolvimento da aviação regional na Metade Sul, com inequívocos ganhos econômicos para todo o entorno. Com uma melhor infraestrutura, poderão ter uma ligação mais rápida com os maiores centros urbanos do país, facilitando negócios. O Bloco Sul, formado ainda pelos terminais de Curitiba, Foz do Iguaçu (PR) e Navegantes (SC), entre outros, mereceu o desembolso de R$ 2,1 bilhões pela CPC, um surpreendente ágio de 1.534%, o que comprova o apetite dos investidores em pleno período de crise no setor de aviação pelas limitações dos deslocamentos causadas pela pandemia.
O governo federal calcula que, ao longo do período de concessão, de 30 anos, os 22 aeroportos receberão investimentos de aproximadamente R$ 6 bilhões. A administração privada vai gerar inúmeros ganhos para os usuários e para o país. Por um lado, os terminais poderão passar por ampliações e melhorias que permitirão maior oferta de voos para passageiros e uma nova opção para o transporte de cargas, com serviços mais adequados para viajantes e clientes logísticos. É algo que a Infraero não tem condições de executar, tanto pela falta de recursos para aportar quanto pela gestão ineficiente da estatal. Em um momento de atividade claudicante, os investimentos ainda têm a capacidade de reanimar a economia e, ao fim, assegurar mais competitividade às empresas brasileiras, pela construção de uma estrutura de transporte menos onerosa e mais condizente com as necessidades do Brasil.
A chamada Infra Week prossegue hoje na B3 com o leilão de uma ferrovia e amanhã com a oferta de cinco terminais portuários, sendo um em Pelotas. Almeja-se que tenham um desfecho satisfatório, como o dos aeroportos, auxiliando o governo federal a obter mais arrecadação em um período de crise fiscal e contribuindo para o Brasil dispor de uma oferta de serviços logísticos mais eficientes. Mas apenas o resultado de ontem, premiando a formulação de modelo de concessão bem desenhado e que atraiu inclusive o interesse estrangeiro, é suficiente para mais uma vez comprovar que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freiras, está entre os melhores nomes da Esplanada. Além de conhecer a área, preocupa-se apenas com a busca por soluções para os temas sob responsabilidade da pasta, sem despender energia com polêmicas desnecessárias.
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