terça-feira, 8 de dezembro de 2020



08 DE DEZEMBRO DE 2020
INFORME ESPECIAL

Por que o presidente ainda não recebeu Melo 

Não há crise nem menosprezo pela vitória de Sebastião Melo, que manifestou, logo depois de eleito, a intenção de visitar Brasília imediatamente para conversar com Jair Bolsonaro, assim como já fez com Nelson Marchezan e com Eduardo Leite.

Tratativas chegaram a ser feitas e as passagens reservadas para quarta-feira passada, mesmo sem a confirmação de que haveria espaço na agenda de Bolsonaro.

Há realmente dificuldades para encaixar tantos compromissos na agenda presidencial. Mas há um outro motivo para o encontro não ter acontecido ainda: Jair Bolsonaro quer distância das eleições municipais, principalmente depois das manchetes dando conta de que seus candidatados foram derrotados na maioria das cidades nas quais houve segundo turno. O cálculo do Planalto é 100% político: se tivesse recebido Sebastião Melo durante a semana, seria o gancho perfeito para voltar ao assunto do alegado insucesso do apoio presidencial.

Então, o encontro irá se dar, mas mais adiante, nos próximos dias, quando a eleição municipal já tiver perdido o protagonismo no bate-boca nacional.

UTIs vazias: o melhor investimento para garantir empregos 

A lotação das UTIs empurrou boa parte do Rio Grande do Sul para as bandeiras vermelhas. A disponibilidade de leitos de terapia intensiva é uma das principais variáveis que define a abertura ou o fechamento das atividades econômicas, educativas, culturais e a ocupação dos espaços públicos.

Por isso, do ponto de vista tanto das finanças públicas quanto da garantia do emprego, manter UTIs vazias é o melhor investimento que os governos poderiam fazer agora. Isso, é claro, não exclui a necessidade de manter os cuidados de distanciamento, higiene e isolamento, nos casos em que isso é possível.

Disponibilidade de UTIs significa empregos e impostos. Não é fácil abrir esse tipo de vagas nos hospitais. Primeiro, pela falta de pessoal especializado. Depois, porque outros pacientes, especialmente de cirurgias mais complexas que estavam represadas, chegaram ao limite da espera possível. Depois, pela falta de verbas.

Há inclusive, em algumas cidades do Interior, leitos de UTI que foram desmobilizados quando a pandemia deu sinais de recuo alguns meses atrás. No emaranhado de financiamentos municipais, estaduais e federais, fica impossível, muitas vezes, remontar o quebra-cabeças econômico que possibilitava o nível de atendimento alcançado em junho e julho.

Por mais paradoxal que pareça, precisamos de mais UTIs, para que elas, tomara, fiquem cada vez mais vazias.

TULIO MILMAN

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