29 DE DEZEMBRO DE 2020
INFORME ESPECIAL
O dilema dos ônibus da Capital em 2021
Um desafio gigante aguarda a administração de Porto Alegre logo depois da posse. Fevereiro é o mês da atualização da tarifa do transporte coletivo na Capital. Em 2021, as perspectivas são claras. Ou a prefeitura investe milhões de reais no sistema, ou os porto-alegrenses terão de pagar uma super tarifa. Isso ocorre porque o cálculo do preço da passagem é influenciado diretamente pelo o IPK, o índice de passageiros por quilômetro.
Com a pandemia, esse indicador foi fortemente abalado. Pelos cálculos da ATP, dezembro apresenta uma queda de cerca de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Houve meses em que a ocupação dos veículos foi ainda menor. É cedo para falar em um percentual de reajuste, mas é bem possível que, se a lei for aplicada ao pé da letra, ele ultrapasse os dois dígitos. Salários de motoristas e cobradores, combustível e desgaste dos veículos são outras variáveis que também contam.
Nos bastidores da nova gestão, cresce o entendimento de que, pelo menos no primeiro momento, o aporte de recursos públicos para que o sistema não colapse é praticamente inevitável. Teoricamente, as maiores resistências internas poderiam ser esperadas da ala liberal, liderada pelo vice, Ricardo Gomes. Ele vem afirmando, desde a campanha, que é contra os subsídios.
"Eles são uma confissão de ineficiência do sistema", afirmou. Mas Gomes também reconhece que a sustentabilidade do transporte público é um problema global e, a interlocutores, tem admitido conversar sobre a possibilidade de aporte do caixa da prefeitura, desde que em um contexto emergencial, por tempo determinado e uma vez incluídos no debate temas como número de linhas, tamanho dos veículos usados, o alto número de isenções, o papel dos cobradores e gestão das tabelas de horários.
O novo secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, também já se preocupa com o tema e vê o subsídio como uma das questões a serem postas na mesa de negociação. Representando as empresas, a ATP relembra que, nos últimos 10 anos, cerca de R$ 300 milhões foram transferidos dos cofres públicos para a Carris. Também defende a regulamentação dos aplicativos de transporte e aguarda a definição de aspectos que terão impacto direto no funcionamento dos ônibus.
- Se as aulas presenciais voltarem em março, isso terá um impacto de 15% a 20% na ocupação dos veículos - calcula o engenheiro de Transporte Antônio Augusto Lovatto. A manutenção ou não do auxílio emergencial é outra variável fundamental e que definirá se as pessoas se movimentarão mais ou menos nos próximos meses.
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