quinta-feira, 31 de dezembro de 2020


31 DE DEZEMBRO DE 2020
+ ECONOMIA

O ano em que as bolas de cristal quebraram

A inédita variação nas projeções para o PIB de 3,6% a -6,9% é um bom resumo de 2020 na economia do Brasil. O ano em que as bolas de cristal quebraram inclui uma forte crise, fechamento de empresas, desemprego, mas também recordes positivos em faturamento de empresas e vendas de produtos. Foi o ano em que nos isolamos, mas poucas vezes tivemos tanto senso de pertencimento a uma espécie, a humana, ameaçada por outra, viral. 2020 deixa pouca saudade, mas muitos aprendizados.

O tombo: quando tudo parou, foi um susto. O mundo ia acabar, faltaria comida, haveria saques. O FMI chegou a prever queda de 9,1% no PIB brasileiro, recomendando que os governos adotassem medidas para reduzir esse impacto.

O auxílio: por iniciativa do Congresso, foi criado um auxílio emergencial de R$ 500, que, para ganhar o carimbo do Executivo, subiu para R$ 600. Foram cinco parcelas nesse valor, mais três de R$ 300, em meio a fraudes que deveriam ter sido evitadas.

O crédito: os programas incentivados demoraram para engrenar, até que chegou o Pronampe. Mas o Brasil conseguiu ver as liberações aumentarem 15,6% em relação a 2019, conforme a mais recente previsão do Banco Central, em ano de pandemia e aversão ao risco.

A reinvenção: quase todos tiveram de mudar a maneira de trabalhar. Do home office ao delivery, passando pelas reuniões virtuais - para alguns em excesso, para outros menos do que se desejava.

O efeito colateral: a combinação entre home office, auxílio emergencial com a poupança forçada pela restrição a viagens, restaurantes e outros gastos gerou demandas inesperadas, a maioria relacionadas à casa, desde o imóvel aos móveis, passando por itens de conforto.

A inflação: não existe palavra para definir alta genérica de preços em meio a uma recessão severa como a que o Brasil viveu em 2020. Um dos indicadores mais afetados, o IGP-M fechou com alta de 23,1%, a maior desde 2002.

A inação: a reforma administrativa ao menos foi apresentada, mas o ano termina sem uma proposta de reforma tributária do governo federal. Ambas terão nove meses para avançar em 2021, na melhor das hipóteses.

MARTA SFREDO

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