quarta-feira, 9 de dezembro de 2020


09 DE DEZEMBRO DE 2020
EM CASA

As aventuras do pescador parrudo em "Kubanacan"

Novela da Globo exibida em 2003 pode ser revista no streaming

O projeto de relançamentos de novelas do Globoplay ganhou um título de peso nesta semana: Kubanacan. Sucesso na faixa das sete da Globo em 2003, a trama de Carlos Lombardi jamais foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo e tampouco no canal pago Viva, o que aqueceu a expectativa de fãs nas redes sociais. Desde o anúncio da reestreia na plataforma de streaming, em novembro, muitos espectadores vinham aguardando a possibilidade maratonar os 227 capítulos do folhetim.

Para entender o sucesso de Kubanacan, é preciso saber que a quantidade de elementos inusitados na trama foi tão grande que muita gente ficou sem entender o final. O tom quase pastelão da história, com atores vivendo mais de um personagem, também garantiu o carinho do público.

Já no primeiro capítulo, um homem desmemoriado e com um tiro no peito aparece no mar da colônia de pescadores da cidade de Santiago, na ilha fictícia de Kubanacan. Sem lembrar de muita coisa, o personagem vivido por Marcos Pasquim acaba sendo chamado de Esteban e passa a investigar seu passado. Ao mesmo tempo, ele se coloca como uma espécie de líder do povoado.

Kubanacan é marcada pela corrupção. Três anos após ser eleito, o professor e presidente Rúbio Montenegro (Stênio Garcia) morre em uma briga com o general Camacho (Humberto Martins). O líder do exército, então, antecipa o golpe militar que planejava.

Anos depois, Camacho começa a se envolver com Marisol (Danielle Winits), que alimentou uma paixão por Esteban logo após largar Enrico (Vladmir Brichta). Enrico, por sua vez, foi ajudado por Lola (Adriana Esteves), que também tem um envolvimento com Esteban. É isso mesmo: o pescador parrudo que gosta de aparecer sem camisa é onipresente na trama.

Personagens

Ao longo da história, o protagonista descobre que tem um irmão gêmeo, sofre de dupla personalidade e outros distúrbios. No fim da novela, ao fazer uma contagem, descobrimos que Pasquim vive cinco personagens diferentes - todos eles descamisados, é claro.

- Antes da novela, eu fiz judô, kung-fu, boxe, preparação de armas no Exército e expressão corporal. Todas as versões dele eram difíceis, mas era mais complicado fazer um se passar pelo outro, esse revezamento dos personagens - contou o ator, em entrevista ao Gshow.

O excesso de cenas somente de bermuda, por exemplo, levou Kubanacan a ser alvo de várias reclamações por nudez na época da exibição, o que inviabilizou a reprise durante as tardes da Globo. Sendo chamado até hoje nas ruas de pescador parrudo, Pasquim conta que o apelido surgiu nos bastidores da novela.

- Quem inventou esse apelido foi o Humberto Martins. Eu soube que um dia, em uma cena, ele mencionou isso. Acho que o Carlos Lombardi viu isso, gostou, e inseriu na novela. Até hoje as pessoas me chamam assim na rua. Fico feliz pela lembrança do personagem - explicou Pasquim.

Por desolvemver tantas subtramas, Kubanacan ficou conhecida ainda pelo excesso de participações especiais - em oito meses, surgiram 80 novos personagens na história. A maioria deles, sempre com origem desconhecida, aparecia trazendo dicas sobre a identidade de Esteban. Silvia Pfeifer, Regina Duarte, Gisele Itié e Vanessa Gerbelli foram algumas das atrizes que fizeram pontas.

Além das confusões amorosas e da crítica social sobre um governo tirano, Kubanacan segue na memória do público com o núcleo humorístico protagonizado por Nair Belo e Lolita Rodrigues, como vizinhas que se odeiam e vivem em pé de guerra.

Outro destaque é a trilha sonora. A grande maioria das canções é em espanhol, como a música de abertura Coubanakan, cantada por Ney Matogrosso. Também há composições em português, cantadas por Elza Soares (Eu Só me Ligo em Você) e Sidney Magal (Mulher).

JÚLIO BOLL

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