sábado, 26 de dezembro de 2020


26 DE DEZEMBRO DE 2020
POLÍTICA +

Planalto, um sonho distante para Leite

Há alguns meses, quando era questionado sobre a possibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto, o governador Eduardo Leite desconversava. Neste final de ano, mesmo cheio de ressalvas, o discurso mudou. Leite admite que vai trabalhar para quebrar a polarização entre esquerda e direita, buscando uma alternativa de centro, e não descarta ser candidato a presidente ou a vice.

A resposta à pergunta é dada de forma ainda vaga, mas parte da premissa de que qualquer político que goste do que faz tem o direito de sonhar com o cargo mais importante da República. Na entrevista que deu na quarta-feira a ZH (confira a síntese nas páginas 6 e 7), repetiu a frase atribuída a Tancredo Neves e citada por todos os que sonham com o Palácio do Planalto, mas sabem que chegar lá depende de uma combinação de variáveis:

- Tenho claro que Presidência é destino. Tantas pessoas se prepararam tanto para ser e não foram e tantas outras não se preparam e acabaram sendo.

Leite passou a admitir a hipótese de ser candidato depois de ser procurado por líderes que buscam um nome capaz de evitar a reprise de 2018, com um segundo turno entre Jair Bolsonaro e o candidato do PT.

- É verdade que tenho sido procurado por pessoas que entendem que posso ser uma alternativa. Estou com 35 anos e é uma grande honra, um sinal de reconhecimento. Como candidato? É muito cedo, absolutamente prematuro, para dizer. Eu participo das discussões, quero ajudar a construir uma alternativa e naturalmente participaria como candidato, mas não é o que me move no trabalho aqui no Estado.

Quando fala em "destino", Leite recorda que sua principal referência na política, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, só chegou ao Planalto porque estava no Ministério da Fazenda de Itamar Franco, quando o Plano Real debelou a inflação. Sem isso, mesmo com todo o preparo que tem, FHC não teria sido presidente. Leonel Brizola, Mario Covas, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves chegaram a ser considerados favoritos, mas os brasileiros optaram por candidatos improváveis, como Fernando Collor, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro.

Leite está longe de ser o candidato natural do centro em 2022. Pesam contra ele a pouca idade (35 anos hoje), a falta de força (e de unidade) do Rio Grande do Sul, a crise que impede o Estado de ser vitrine para um projeto inovador, a concorrência do governador de São Paulo, João Doria, e do apresentador Luciano Huck, mais conhecido no Nordeste.

ROSANE DE OLIVEIRA

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