sexta-feira, 18 de dezembro de 2020


18 DE DEZEMBRO DE 2020
POLÍTICA +

Bolsonaro rejeita vacina capaz de salvar economia 

Se o presidente Jair Bolsonaro está mesmo preocupado com a economia, como disse incontáveis vezes ao condenar restrições impostas por governadores e prefeitos, deveria ter pensado duas vezes antes de fazer a manifestação que fez durante uma cerimônia em Porto Seguro (BA), ontem. Não contente em anunciar que não vai se vacinar contra o coronavírus, o presidente disse frases que remetem ao início do século passado, quando ocorreu a célebre Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro. Depois de saber que o Supremo Tribunal Federal decidira pela obrigatoriedade da vacina, Bolsonaro declarou:

- Eu não vou tomar (a vacina). Alguns falam que estou dando péssimo exemplo. O imbecil, o idiota que está dizendo que eu dou péssimo exemplo, eu já tive o vírus. Eu já tenho anticorpos. Para que tomar a vacina de novo?

E emendou, pouco depois:

- Se você virar um chipan... se você virar um jacaré, é problema de você, não vou falar outro bicho aqui para não falar besteira. Se você virar o super-homem, se nascer barba em alguma mulher aí ou um homem começar a falar fino, eles (os laboratórios) não têm nada a ver. E o que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas, como você pode obrigar alguém a tomar uma vacina que não se completou a terceira fase ainda? Que está na experimental?

A Revolta da Vacina foi um motim ocorrido em novembro de 1904. O estopim da rebelião foi a lei que obrigava a vacinação contra a varíola.

Mais de cem anos depois, Bolsonaro dá ao mundo uma demonstração de desconhecimento ao se julgar imunizado, por já ter tido covid, e levantar suspeitas infundadas que podem estimular brasileiros menos informados a fugir da vacina. Se o Brasil não conseguir debelar a covid-19, que paralisou o planeta e matou mais de 184 mil brasileiros - 1.092 nas últimas 24 horas - a economia será afetada.

Impeachment sepultado e desabafo

No apagar das luzes de 2020, a Câmara de Porto Alegre fez uma derradeira tentativa de votar o impeachment do prefeito Nelson Marchezan, cujo mandato termina em duas semanas. A Câmara entrou com recurso para que a desembargadora Marilene Bozanini reconsiderasse a decisão que suspendeu o processo.

A desembargadora submeteu o agravo aos demais integrantes da 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça. Por unanimidade, o voto de Marilene prevaleceu e, assim, o impeachment foi sepultado.

Ao comentar a decisão, Marchezan desabafou:

- Eu finalmente venci no Judiciário esse escárnio que foi o processo de impeachment promovido e apoiado pela escória da política porto-alegrense. Mas, infelizmente, um único desembargador venceu toda a Justiça gaúcha e decidiu as eleições da Capital.

O prefeito se refere a Alexandre Mussoi Moreira, desembargador que reformou decisões de seis juízes diferentes, sempre dando razão à Câmara. Marchezan passou todo o período da eleição sob ameaça de ser cassado.

ROSANE DE OLIVEIRA

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