26 DE DEZEMBRO DE 2020
DRAUZIO VARELLA
VACINAS EFICAZES
Nunca uma vacina foi aguardada com tamanha ansiedade. Por outro lado, nenhuma outra foi desenvolvida com tanta rapidez, quanto a do atual coronavírus, que já ultrapassou a marca de 1 milhão de mortes, pelo mundo.
No Brasil, contamos com duas vacinas em fase final de testes clínicos: uma que será produzida pelo Instituto Butantã em parceria com uma empresa farmacêutica da China; a outra, desenvolvida pela Universidade de Oxford, será produzida pela Fiocruz em parceria com a AstraZeneca.
Embora os estudos não tenham chegado ao fim, sabemos que nos dois casos a eficácia da vacinação foi acima de 90%, resultado bastante animador num mundo em que a Organização Mundial da Saúde admitia que qualquer preparação com mais de 50% de eficácia, já seria útil no combate à pandemia.
Dias atrás, a farmacêutica Pfizer anunciou que a vacina desenvolvida em seus laboratórios, com base na tecnologia do RNA mensageiro, também demonstrou mais de 90% de eficácia.
Na esteira dessas notícias boas, uma empresa americana de biotecnologia, a Moderna, divulgou os resultados parciais obtidos com uma vacina também obtida com a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA-1273).
Do estudo COVE, desenvolvido pela Moderna, participam 30 mil pessoas. Durante o acompanhamento ocorreram 90 casos de COVID-19 entre os que receberam placebo, contra apenas 5 dos que foram vacinados - eficácia de 94,5%.
Os resultados foram confirmados por um comitê independente escolhido pelo NIH (National Institute of Health), órgão do governo americano.
A eficácia também ficou demonstrada na prevenção do agravamento da doença: 11 casos graves entre os que receberam placebo, contra zero entre os vacinados.
A intensidade dos efeitos colaterais foi de leve a moderada: fadiga (9,7% dos casos), dores musculares (8,9%) e dores nas juntas (5,2%).
No estudo, 37% dos participantes faziam parte de grupos étnicos e raciais não brancos; 25% eram adultos com mais de 65 anos; 17% tinham menos de 65 anos, mas apresentavam fatores de risco (hipertensão, obesidade, diabetes) para as formas mais graves da doença.
A apresentação desses resultados levou o diretor do NIH a dizer: "Esta é uma semana de contrastes dramáticos". Referia-se ao contraste entre o otimismo pela obtenção de mais uma vacina e a constatação de que os Estados Unidos ultrapassaram 11 milhões de casos e quase 250 mil mortes pela doença.
Enquanto a preparação vacinal anunciada pela Pfizer precisa ser mantida em freezers abaixo de - 70º C, a da Moderna pode ficar armazenada em geladeiras comuns, em temperaturas ente 2º C e 8º C.
A intenção da Moderna é produzir 20 milhões de doses até o fim deste ano, produção que deverá ser aumentada rapidamente para chegar de 500 milhões a 1 bilhão de doses, durante o ano de 2021.
As perspectivas para dispormos de uma ou mais vacinas contra a covid-19 são boas. Mas imaginar que ficaremos livres assim que começarmos a imunizar a população é irreal. A luta contra o coronavírus será longa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário