sexta-feira, 27 de novembro de 2020


27 DE NOVEMBRO DE 2020
MERCADO DE TRABALHO

Estado cria 27 mil empregos com carteira em outubro

Resultado é o melhor para o mês desde o início da série do Caged, em 1992. Mas, no acumulado de 2020, ainda é negativo

O Rio Grande do Sul registrou o quarto mês seguido de criação de vagas com carteira assinada. Em outubro, o Estado abriu 27.013 empregos formais. Divulgado ontem pelo Ministério da Economia, o saldo representa novo passo na tentativa gaúcha de recuperação das perdas geradas pela pandemia.

O resultado mede a diferença entre contratações e demissões. É o melhor desempenho para outubro já registrado na série histórica do Caged (desde 1992), o cadastro do governo federal sobre empregos formais. O saldo decorreu da diferença entre 102.117 admissões e 75.104 cortes.

Mas, no acumulado deste ano, segue no vermelho. São 48.092 vagas a menos. Além do coronavírus, a estiagem prejudicou a atividade econômica na largada deste ano.

Analistas atribuem a melhora recente a uma combinação de questões. Uma é a reabertura gradual da economia. Medidas do governo para proteção de empregos e transferência de renda ainda ajudaram. Por fim, o terceiro e o quarto trimestres do ano tendem a favorecer contratações em ramos como o comércio, estimulado por datas festivas, incluindo Dia das Crianças, Black Friday e Natal.

- Há um reflexo da reabertura gradual da economia. Alguns setores estão registrando nível de atividade próximo ou até maior daquele de antes da pandemia. Esse é o primeiro ponto. Depois, há o impacto das políticas anticíclicas, mas que estão chegando ao limite - aponta o economista Fábio Pesavento, professor da ESPM em Porto Alegre.

Carona

No mês passado, os cinco setores pesquisados pelo Caged tiveram alta no emprego formal no Estado. O maior saldo de vagas foi o do comércio (veja gráfico ao lado). Na sequência, apareceram indústria e serviços. Construção e agropecuária completaram a lista.

Os dados do Caged sinalizam que o desempenho estadual pegou carona no embalo nacional. Em outubro, o Brasil também teve saldo positivo, com criação de 394.989 vagas. Conforme o Ministério da Economia, o número representa recorde na série histórica. Foi o quarto mês seguido com resultado no azul.

Por outro lado, no acumulado de 2020, o Brasil continua no vermelho. Com impacto do coronavírus, o país amargou perda de 171.139 postos formais entre janeiro e outubro. A quantia equivale a duas vezes a população de município como Lajeado, no Vale do Taquari (85 mil habitantes).

Professor da UFRGS, Marcelo Portugal considera que o resultado de outubro deve ser celebrado no país porque indica movimento "forte e crescente" do mercado formal. Entretanto, o economista alerta para os riscos da eventual segunda onda da covid-19, que pode frear os negócios, além do provável término de medidas de suporte à economia, previsto para 2021.

- De forma geral, diria que podemos abrir uma cerveja e comemorar o saldo de outubro, mas ainda não ganhamos o campeonato. Chegamos até a semifinal. Temos de pensar no que pode vir daqui para frente - pontua Portugal.

Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, festejou o desempenho apurado pelo Caged. Guedes disse que, até o final do ano, o país pode zerar a perda de empregos causada pelo coronavírus.

- A economia brasileira continua retomando em V - comentou o ministro, citando o termo que define movimento de reação rápida após queda intensa.

Os dados do Caged guardam diferenças metodológicas em relação ao cálculo de desemprego no país. O levantamento divulgado pelo Ministério da Economia reúne apenas dados sobre trabalho com carteira. Já a taxa de desocupação reflete o quadro tanto do setor formal quanto do informal.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável por esse cálculo. O órgão deve divulgar hoje nova pesquisa de desemprego, a Pnad Contínua, com dados referentes ao terceiro trimestre. À medida que mais pessoas buscarem vagas, a taxa tende a subir. Uma pessoa só é considerada desempregada quando procura oportunidades, mas não encontra trabalho formal ou informal.

LEONARDO VIECELI

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