20 DE NOVEMBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
Contagem regressiva para a vacina
A notícia mais aguardada deste sombrio 2020, a de que o mundo pode contar com uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus, está a cada dia mais próxima de ser celebrada. A semana foi pródiga em anúncios de avanços importantes dos laboratórios que se dedicam ao desenvolvimento de um imunizante, em especial o de quarta-feira, da norte-americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech, que alcançou a extraordinária marca de 95% de eficácia nos resultados finais da fase 3 dos estudos. A solicitação de uso emergencial para o órgão dos EUA responsável pela aprovação de medicamentos abre caminho para que até comece a ser aplicada antes do final do ano.
Há enfim esperança palpável de a pandemia ter os dias contados, mesmo sendo preciso ainda vencer desafios consideráveis como a produção em massa e distribuição desta e de outras vacinas que, da mesma forma, caminham celeremente para o encerramento dos estudos, com grande chances de aprovação por agências reguladoras. Também existem boas novas em relação ao produto da universidade britânica de Oxford e do laboratório sueco AstraZeneca. A americana Moderna anunciou que sua vacina alcançou grau de eficácia de 94,5% nos resultados preliminares da fase 3 dos testes clínicos. Chegaram ontem ao Brasil as primeiras 120 mil doses da CoronaVac, da chinesa Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, que demonstrou capacidade de, em 97% dos casos, produzir resposta imune no organismo.
Deve ser reconhecido o notável esforço de cientistas espalhados por vários países, inclusive no Brasil, para o desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus em tempo recorde. No caso do imunizante da Pfizer e da BioNTech, há ainda o simbolismo de o promissor anúncio ter sido feito na mesma quarta-feira em que o mundo bateu o recorde diário de mortes, com 11.099 vítimas fatais, segundo a Universidade Johns Hopkins. A possibilidade de a humanidade poder contar em breve não com uma, mas várias vacinas, é uma lufada de esperança enquanto cresce a preocupação, no país e no Exterior, com o recrudescimento da pandemia que levou a óbito mais de 1,33 milhão de pessoas - equivalente a quase o número de habitantes de Porto Alegre. O passo seguinte será assegurar acesso a preços justos às populações de todas as nações, inclusive as mais pobres, e definir os grupos que serão prioritários, como pessoas com comorbidades, idosos e profissionais de saúde, entre outros.
A confiança de que, nos próximos meses, será possível começar a imunização, no entanto, não deve servir de desculpa para negligenciar cuidados como distanciamento social, hábitos de higiene e uso de máscara. O vírus circula com força renovada nas últimas semanas. A quantidade de casos, internações e mortes voltou a subir no país. Sem responsabilidade coletiva e individual, o preço pode ser um sofrimento ainda maior até o dia em que todos poderão receber a sua dose.
Com o risco de novas pandemias no futuro, outro tema que as nações deverão enfrentar brevemente é o do fortalecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo que seja preciso reformulá-la. Ter uma entidade com visão e atuação global ágil e proativa pode fazer a diferença quando novas ameaças apontarem no horizonte.
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