segunda-feira, 16 de novembro de 2020


16 DE NOVEMBRO DE 2020
POLÍTICA +

Por que final será entre Melo e Manuela

O segundo turno entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela D?Ávila (PCdoB) se consolidou no instante em que o ex-prefeito José Fortunati (PTB) saiu da disputa pela prefeitura de Porto Alegre. Manuela largou na frente e liderou, com folga, desde a primeira pesquisa do Ibope, sem nunca ter sido ameaçada por qualquer adversário. Melo disputava a segunda vaga com Fortunati e com o prefeito Nelson Marchezan (PSDB), tecnicamente empatado nas pesquisas, quando uma decisão da Justiça Eleitoral indeferiu o registro da candidatura do vice do petebista, André Cecchini. 

A ação, movida por um candidato a vereador do PRTB, aliado de Melo, inviabilizou a chapa. No mesmo dia, MDB e PTB começaram a conversar sobre a renúncia. Dois dias depois, Fortunati renunciou e o PTB correu a apoiar Melo, que herdou votos para ultrapassar Marchezan e se isolar no segundo lugar nas pesquisas. Além do desgaste natural do cargo, Marchezan foi alvo de uma campanha sem trégua dos vereadores, fruto de sua relação tempestuosa com a Câmara. 

O processo de impeachment, patrocinado por uma candidata a vereadora do mesmo PRTB que tirou Fortunati do jogo, teve a adesão dos vereadores ligados aos principais adversários. Mesmo que não tenha sido votado no prazo legal, o impeachment serviu para os adversários desgastarem o prefeito, passando a ideia de que seus votos poderiam ser anulados. Melo também chegou ao segundo turno por seus méritos. Foi vereador, presidente da Câmara e vice-prefeito, período em que conheceu cada palmo da cidade. Perdeu para Marchezan em 2016 e foi reconhecido pelos eleitores na eleição de 2018, quando se elegeu deputado. 

A aliança com o DEM, que indicou Ricardo Gomes, um liberal convicto, como vice, abriu caminho para o conquistar os votos da direita, deixando ao relento o vice-prefeito Gustavo Paim (PP) e o vereador Valter Nagelstein (PSD). Na reta final, recebeu apoio de políticos liberais e conservadores, o que permitiu avançar sobre o eleitorado que elegeu Marchezan em 2016. O sucesso de Manuela no primeiro turno, apesar de o desempenho ficar aquém do que indicava a última pesquisa, foi produzido por uma combinação de elementos: o perfil, a aliança com o PT, que tem base sólida em Porto Alegre, e uma campanha que acertou o tom do início ao fim. 

Carismática, articulada e com capacidade de comunicação, foi alvo de ataques do primeiro ao último dia, mas reagiu com firmeza sem perder a serenidade. Cresceu nas vilas, onde a preocupação é com os problemas reais e não com a ideologia, explorada por adversários que não conseguiram crescer. O PT entrou com o vice e a estrutura, mas o coordenador de marketing, Juliano Corbelini, teve a sabedoria de não usar a imagem do ex-presidente Lula nem os símbolos partidários.

ROSANE DE OLIVEIRA

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