sexta-feira, 13 de novembro de 2020


13 DE NOVEMBRO DE 2020
POLÍTICA +

Termina o concurso de promessas no rádio e na TV 

A campanha se aproxima do final e, mesmo assim, alguns candidatos não se deram conta de que a eleição é para prefeito de Porto Alegre e não um campeonato ideológico nem uma competição para escolher quem odeia com maior intensidade ou tem mais competência para destruir os adversários.

Nos últimos dias, eleitores de Porto Alegre e da maioria dos municípios do Estado foram apresentados a cidades que poderiam ser chamadas de réplicas do paraíso. Nessas cidades da propaganda, que se materializariam a partir de 2021, as restrições orçamentárias não existem, os serviços funcionam como na Dinamarca, a educação tem nível de Finlândia, o transporte coletivo é de padrão londrino, as filas nos postos de saúde desaparecem num passe de mágica, o empreendedorismo floresce e, mesmo que venha uma segunda onda de covid-19, nada precisará ser fechado.

Nesse mundo perfeito, alguns candidatos à prefeitura de Porto Alegre acenam com a suspensão do aumento do IPTU, como se a administração municipal estivesse em condições de abrir mão de receita. Não é diferente nas principais cidades do Interior. Alguma dúvida de que, chegando ao poder, o vencedor dirá que a situação das contas era pior do que imaginava?

Ao longo da campanha, a palavra que mais se ouviu foi diálogo. Não que não seja importante. É um dos pilares da democracia, mas não pode ser tratado como panaceia.

Quem se eleger terá de tomar decisões e, por mais que se dialogue, alguém vai sair descontente. Tome-se o caso do enfrentamento à covid-19. Praticamente todos os concorrentes criticam as medidas adotadas em Porto Alegre, mas só dizem que não vão fechar a cidade. Se vier a vacina, não precisarão mesmo, mas se houver uma segunda onda - ou se esta primeira recrudescer -, o que farão? Isso não ficou claro na propaganda, até porque não convém. Outro caso de problema respondido com evasivas é o do sistema de transporte coletivo, que está à beira do colapso.

Quando se questiona sobre a origem do dinheiro, a resposta é simplista: corte de cargos em comissão ou redução dos gastos com propaganda (ambas têm peso mínimo no orçamento) ou aumento da arrecadação, como se o crescimento da economia dependesse apenas da vontade.

ROSANE DE OLIVEIRA

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