segunda-feira, 23 de novembro de 2020


23 DE NOVEMBRO DE 2020
+ ECONOMIA

Novo bairro, quase cidade 

Em terreno de 1,5 milhão de metros quadrados - cerca de 140 campos de futebol -, serão erguidas 5 mil moradias e um centro comercial com área bruta locável de 24 mil metros quadrados, equivalente a um terço do Iguatemi Porto Alegre, o maior da capital gaúcha. Trata-se do novo bairro planejado de Pelotas, o Cidade Alta, que nasce com o famoso conceito multiuso, que prevê habitação, trabalho e lazer no mesmo local. O projeto é da Urbasul, uma sociedade originada da fusão de três empresas que atuam no mercado imobiliário no Brasil e no Uruguai: Garbarino Lombardo, Neocorp Participações e RCS Empreendimentos. O primeiro lançamento residencial do Cidade Alta é da incorporadora RNI, empresa do grupo Rodobens, que está de volta ao Estado depois de nove anos.

MAURÍCIO PESTANA Jornalista, autor do livro A Empresa Antirracista

Pesquisa do Instituto Ethos mostrou que há 6,3% de negros ( 5,7% pardos e 0,6% pretos) em níveis de gerência e 4,7% (4,2% pardos e 0,5% pretos) em postos executivos. Estudo da consultoria McKinsey em diversos países, Brasil incluído, mostra que companhias com diversidade cultural e étnica tiveram desempenho financeiro 36% maior do que as sem essa política. Então, se não for por exigência ética, que seja por resultado, mas a necessidade de incluir a maioria da população no universo corporativo se impõe. O jornalista e CEO da Revista Raça, Maurício Pestana, lançou neste mês o livro A Empresa Antirracista para refletir e contribuir com a aceleração de programas de ação afirmativa. E afirmou:

- Há muitas empresas com trabalho sério sobre esse tema. Ainda não conseguem alcançar todos os níveis. Não adianta ter empresas antirracistas se a sociedade é racista.

Como surgiu o livro?

É uma série de entrevistas publicadas na Revista Raça ao longo de quase 10 anos com CEOs e líderes que abordam a questão do racismo em suas empresas. Entre os assunto dos quais mais falo nos mais de 20 anos de atividade no movimento negro estão o trabalho, a violência policial e a nossa ausência nos meios corporativos. A espinha dorsal da questão racial está no mercado de trabalho. Quando as pessoas não têm acesso a um emprego e a um salário decentes, não têm estabilidade financeira que o trabalho dá. Educação, habitação, segurança dão cidadania. Quando a pessoa não trabalha e não tem salário vai morar em locais que não dão direito à cidadania. A abordagem policial é uma na periferia e outra em regiões de classe média. É por isso que dou muita ênfase ao mercado de trabalho. Tenho há muitos anos um trabalho de consultoria nessa área. É preciso investir no mercado de trabalho, com salário e educação, para amenizar o racismo. Não acaba, mas ameniza.

Oportunidades exclusivas para pessoas negras são parte desse esforço?

São importantes. Essa possibilidade surgiu também a partir da política de cotas raciais nas universidades. Sempre fui extremamente favorável. Se partimos de 2% dos bancos de universidade ocupados por negros para a maioria na rede pública, se hoje se discute a diversidade no mercado de trabalho, é por isso. Vários avanços ocorreram com a política de cotas.

Criar vagas exclusivas para negros deveria ser obrigatório?

Nada que é obrigatório dá muito certo. No Estado, sim, tem de ser obrigatório, porque há uma dívida. A maior dívida do Estado e da sociedade é com o cidadão. As empresas têm parcela de responsabilidade, mas cada uma deve buscar a sua diversidade, até porque dá lucro e faz bem aos negócios.

Algumas dessas iniciativas foram consideradas "racismo reverso". Isso existe?

É impossível haver racismo reverso. Só se pode exercer racismo quando se detém poder político e econômico. Os negros não têm esses poderes. Só posso ser racista se eu tiver uma empresa e disser ?aqui branco não pode trabalhar?. Há poucos negros empresários que possam se dar ao luxo de fazer isso. Então, é impossível esse ?racismo reverso?. O negro não tem poder e meios para demonstrar racismo.

O que as empresas podem fazer para ser antirracistas?

É importante que estejam atentas. Que trabalhem não só internamente, com seus funcionários, mas que estejam plugadas à comunidade no país em que 56% da população é negra.

foi o valor adicionado à fortuna de Elon Musk após o anúncio de que sua principal empresa, a Tesla, passará a integrar o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York. Os papéis decolaram 20% na semana em que sua SpaceX enviou quatro astronautas para a Estação Espacial Internacional.

MARTA SFREDO

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