quinta-feira, 19 de novembro de 2020


19 DE NOVEMBRO DE 2020
ARTIGOS

A educação gaúcha e a Agenda 2030

Professor do programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos | robertods@unisinos.br

No decorrer da última semana, o Departamento de Economia e Estatística (DEE-RS) publicou mais um diagnóstico que faz parte de uma série de elaborações investigativas que avaliam a nossa situação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Impulsionados pela ONU, os ODS configuram-se como um apelo global para promover ações contra a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir paz e prosperidade para todas as pessoas. No contexto brasileiro, por meio da Agenda 2030, o ODS 4 diz respeito à educação de qualidade, inclusiva e equitativa, por meio das possibilidades de promoção de aprendizagem ao longo da vida.

O relatório sobre este ODS trouxe informações pertinentes e, inicialmente, já merece um elogio a opção por produzir decisões governamentais alinhadas com esses objetivos. Os resultados apresentados explicitam uma sensível melhora no atendimento à educação infantil, por meio da ampliação da sua taxa de matrícula, bem como indicou pequenos avanços nos desempenhos dos estudantes em língua portuguesa e matemática. 

Por outro lado, ainda encontramos limitações nas condições de acessibilidade, na inclusão de pessoas com deficiência, na evasão escolar dos adolescentes, na democratização do Ensino Superior e na queda de matrículas na educação profissional. Vale destacar que demandas históricas continuam em aberto, tais como as condições de trabalho e de remuneração dos professores ou mesmo uma política de formação continuada mais vinculada ao currículo e aos cotidianos escolares. Todavia, com vistas ao enfrentamento das desigualdades, seria desejável que esses dados fossem utilizados para subsidiar políticas e oferecer alternativas sintonizadas com as demandas do século 21.

Para finalizar, sinto-me desafiado a concluir este texto com três sugestões: a) desenvolvimento de uma agenda de convergência entre diferentes setores, incluindo as universidades, mapeando os desafios para a escolarização contemporânea; b) engendramento de dispositivos comunicativos mais horizontais que promovam uma escuta mais efetiva das escolas e das juventudes; c) publicação de editais de fomento à investigação educativa e de mapeamento de práticas exitosas que favoreçam a criação de modelos focados em oportunidades de aprendizagem para nossos estudantes.

ROBERTO RAFAEL DIAS DA SILVA

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