04 DE NOVEMBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
RESPOSTA AO CRIME
Os indicadores sobre a criminalidade nos últimos anos no Estado mostram uma constante e consistente redução de grande parte dos delitos. É, sem dúvida, um alívio para a sociedade gaúcha, após o auge da violência em 2017, mas isso não significa que a luta contra a delinquência, os grupos organizados e as facções esteja vencida. Pelo contrário, o Rio Grande do Sul ainda está longe de patamares civilizados na área da segurança, embora os avanços precisem ser reconhecidos. Um grande número de cidadãos ainda clama pela proteção do aparato estatal.
Uma das frentes que necessitavam de ação mais firme das autoridades era a conhecida tomada de condomínios populares por quadrilhas. Criminosos expulsam e amedrontam moradores, pessoas humildes que acabam perdendo a posse de imóveis, transformados em quartéis-generais do tráfico. Ou então passam a ser aterrorizadas e a viver como se fossem verdadeiros reféns.
Após um ano de investigações, a Operação Cativeiro, desencadeada na manhã de ontem em Canoas, Porto Alegre, Cachoeirinha, Pelotas e Charqueadas, era uma resposta à altura que faltava para a envergadura e a complexidade do problema. A investida, com um contingente de 500 policiais civis e militares, além de guardas municipais e agentes penitenciários, precisa significar ainda um aviso aos delinquentes, que acostumaram-se a bravatear aos moradores que não poderiam contar com a ajuda da polícia e, portanto, teriam apenas de aceitar o destino de serem escorraçados de seus lares ou viverem amedrontados. Era o caso de dois condomínios do bairro Rio Branco, em Canoas, epicentro da ofensiva de ontem.
Uma operação semelhante há 20 dias em Viamão também deparou com a prática da expulsão de moradores de um condomínio popular para que as unidades habitacionais fossem usadas como base por traficantes. Vinte suspeitos de tráfico e outros crimes acabaram presos. Ontem, foram mais oito mandados de prisão cumpridos. No caso da Operação Cativeiro, as investigações se iniciaram com um ousado sequestro, por parte de traficantes, da sogra de um policial militar para atraí-lo para uma emboscada. A ordem partiu de dentro de um presídio.
A audácia de criminosos também tem mostrado a sua face mais cruel na Serra, com o registro de 14 assassinatos em oito dias em Caxias do Sul, resultado de uma aparente nova guerra entre facções. Tortura, esquartejamentos e decapitações, que se tornaram comuns há poucos anos no Estado, voltaram a ser praticados como intimidação de rivais.
É preciso, da mesma forma, uma reação firme das forças de segurança e da inteligência para não permitir que a barbárie continue ou se alastre. No caso dos condomínios, impõe-se que o Estado assegure restauração da tranquilidade para que todos os moradores possam retornar para casa ou viver com a garantia de não serem mais oprimidos por criminosos. E que estes sejam devidamente identificados, alcançados pela mão da lei e punidos.
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