11 de agosto de 2016 | N° 18605
L.F. VERISSIMO
Kiribati!
As surpresas começaram durante o desfile das delegações na (magnífica) inauguração da Olimpíada do Rio. Várias delegações eram de países que eu não sabia que existiam. Onde ficam os Comores? Em que canto do mundo se esconde Djibuti? E Vanuatu? Algumas delegações eram de poucos atletas e nenhuma ambição de medalhas. Outras, tenho certeza, só estavam ali para testar a minha ignorância geográfica. Duvido que existam, mesmo, Nauru, Butão e Palau.
Outra coisa que eu ignorava é que no Brasil se joga rúgbi – feminino! O rúgbi, como se sabe, foi inventado por ingleses que achavam o futebol um jogo para meninas, ou procuravam um pretexto para se agarrarem sem provocar falatório. Parece que as nossas surpreendentes meninas não estão fazendo feio.
O esporte mais decepcionante de todos é a esgrima. É verdade que fomos mal acostumados pelo cinema, em que lutas de espada são sempre emocionantes, com os espadachins trocando estocadas e contraestocadas e muitas vezes destruindo o cenário a sua volta, até que um seja trespassado pelo florete do outro. Na esgrima como esporte, não há nada parecido com a coreografia empolgante que nos acostumamos a ver no cinema.
Os competidores se enfrentam, avançam e recuam, um esperando uma brecha na defesa do outro, e suas espadas raramente se cruzam. Às vezes, uma só estocada, que em vez de trespassar o outro dispara uma luzinha e um sinal de que ele foi atingido, decide tudo. Eu sei, eu sei, a esgrima tem sutilezas que o espectador nem sempre nota e deve ser apaixonante para quem o pratica. Mas a única emoção que me provoca é a de saudade do Dartagnan.
China e Estados Unidos, pelo que está se vendo, devem dividir a maioria das medalhas de ouro. O que já se esperava. Eu confesso que tinha uma secreta esperança de que surgisse uma grande revelação e o maior nome desta Olimpíada. Um nadador de Burundi, por exemplo. Um levantador de peso de Brunei-Darussalam. Alguém de Kiribati!
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