09 de agosto de 2016 | N° 18603
CARPINEJAR
Moletom na cintura
Reclamei das polainas nas mulheres. Por uma questão de justiça e igualdade dos gêneros, não posso deixar de criticar o moletom na cintura, espécie de polaina entre os homens.
Sei de um candidato a emprego desclassificado numa seleção porque estava com o moletom na cintura. O gerente de RH bateu o olho naquele centauro cafona esperando na salinha e já o dispensou sem direito a apelações e falsas esperanças.
Vestir moletom indica mau gosto, exibi-lo no quadril acaba com as dúvidas sobre a regeneração do sujeito. Concordo que a malha pendendo como um rabo tem poder de veto na admissão de qualquer trabalho.
O moletom na cintura é andar com uma vovó abraçando as pernas. Tem um quê incômodo de arrasto. Como um para-choque solto de carro. Como atropelar uma baliza.
Carregá-lo na cintura é prova de preguiça. Se o homem não é capaz nem de levar o moletom no braço, certamente repassará tarefas adiante e procrastinará no computador.
Moletom nas costas é coisa de tiozão, moletom amarrado na cintura é de alguém que ficou preso na garagem de uma reunião dançante. É um vexame masculino. Será que o cara levou a sério o pedido materno de não esquecer o casaco? Não entendeu que era apenas uma formalidade?
Ao mesmo tempo que envelhece a aparência, infantiliza o caráter. É pôr um ursinho de pelúcia no lugar do cinto. Não enfeita a roupa, estraga.
A princípio, sugere a prevenção ao frio do entardecer com uma roupa reserva. Só que o portador esquece de um detalhe básico: calça não é cadeira, calça não é armário, calça não é cabideiro.
O moletom na cintura é próprio do homem querendo usar saia, porém sem a devida coragem para enfrentar a censura dos outros. Ele disfarça o seu flagrante desejo improvisando um saiote. Não é assumido, e busca se enganar ao máximo com permanentes gambiarras.
O macho que amarra o moletom começa a rebolar estranho e exagerado. Não anda, desfila. Baixa uma top model do umbigo para baixo. Se a mulher se esconde com o moletom, o homem vira uma saúva e aumenta o seu requebro.
Há uma regra fundamental na moda. Duvide de tudo o que é quentinho e confortável.
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