quinta-feira, 4 de agosto de 2016



04 de agosto de 2016 | N° 18599
OLIMPIANGERS | Marcos Piangers

O Rio é do COI

Desembarcar no Rio de Janeiro é desembarcar no Brasil. O Brasil é essa nação cheia de sotaque, culturas diferentes, mil referências, mas para o gringo o Brasil é o Rio. Essa terra de samba, natureza, perigo. Uma cidade sem lei. Cada lei, aqui, não é uma lei, é uma sugestão. Não pode estacionar na calçada, mas, se precisar, manda ver. Não pode furar sinal, mas, se precisar, tá de boa. Não pode ambulante na praia, mas, se bater aquela fome, tá ok.

No Rio tudo pode: pode natureza, pode favela; pode praia, pode entulho; pode loja oficial dos produtos olímpicos, e pode camelô a cem metros dali. Que outro lugar do Brasil, talvez da América do Sul, para fazer uma Olimpíada?

Tem de ser no Rio. Com problemas estruturais, ecológicos, de mobilidade. Mas tem de ser no Rio. A representação do Brasil, para o bem e para o mal. Não dá para ser em outro lugar. Não existe outra cidade mais interessante. Para alguns, uma piada pronta. Para outros, a terra do Cristo, da bossa nova, do futebol. Desembarcar no Rio de Janeiro é meio que desembarcar no Brasil.

Ao chegar ao aeroporto Santos Dumont – aquele em que é possível ver na aterrissagem a beleza de Botafogo, Flamengo, e o bondinho do Pão de Açúcar para quem estiver do lado direito, na janela e longe a asa –, você tem três opções de transporte: um VLT (veículo leve sobre trilhos) que anda só 18 quilômetros até a rodoviária; táxis especiais amarelos, que cobram um pouco mais; ou o Uber, aplicativo de motoristas particulares, que acabou de inaugurar um quiosque no shopping Bossa Nova, anexo ao aeroporto.

No quiosque o cliente encontra wi-fi gratuito, água e bala oferecidos sem custo, espaço para sentar e esperar o carro, além de atendentes que podem tirar qualquer dúvida. Além disso, vários carros da empresa ficam parados ao lado do quiosque, agilizando a chamada. Acostumado a ser abordado com aquele ímpeto assustador toda vez que chegava ao Rio, a novidade é um alento.

No primeiro dia, eu precisava validar minha credencial. Me falaram de uma linha de metrô que levava até a Vila Olímpica, mas não permitiram minha entrada sem credencial validada. Me falaram de um shuttle especial para imprensa, mas ninguém soube me informar como funcionava. Para chegar até o ponto de validação da credencial, optei por um táxi. Cerca de uma hora e meia de viagem ao custo de R$ 90.

Mesmo que tivesse pegado a linha de metrô exclusiva, teria de fazer baldeação para um ônibus BRT e andar cerca de 500 metros até a Vila. Não há forma simples de se locomover pelo Rio durante os Jogos, a não ser que você esteja em um carro credenciado. Estes podem andar em faixa exclusiva, pintada de verde, que facilita o trânsito de atletas e comitivas. Ainda assim, a faixa aparece e some em vários pontos da cidade, deixando todos confusos.

Um colega jornalista que teve a oportunidade de usar carros credenciados conversou com o motorista, que deixou escapar: “um carro deste credenciado pode tudo. A gente não toma multa nenhuma, nem por estacionamento e nem por excesso de velocidade”. Quem manda no Rio nos próximos 20 dias é o COI.

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